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Ahmadinejad fará ao Brasil 1ª viagem do 2º mandato
Embaixador do Irã anuncia visita para "muito mais cedo do que vocês pensam"
Diplomata agradeceu apoio de Lula depois de polêmica reeleição; anúncio foi feito na véspera de chegada de chanceler do rival Israel
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na véspera da chegada do
chanceler israelense, Avigdor
Liberman, ao Brasil, o embaixador do Irã em Brasília, Mohsen Shaterzadeh, cobriu ontem
de elogios o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e disse que
seu colega Mahmoud Ahmadinejad escolheu o Brasil para a
primeira visita internacional
após a posse para o seu segundo
mandato, que acontecerá na
primeira semana de agosto.
Segundo Shaterzadeh, a atitude de Lula após a polêmica
reeleição de Ahmadinejad foi
"muito corajosa, independente
e soberana".
Logo após o início dos protestos da oposição no Irã, o presidente brasileiro defendeu a
vitória do iraniano, dizendo
que sua votação foi "muito
grande para a gente imaginar
que possa ter havido fraude".
Para Shaterzadeh, os comentários feitos pelo brasileiro são
baseados "numa ideia realista e
sincera sobre o Irã".
O embaixador afirmou a jornalistas que a visita de Ahmadinejad ao Brasil deve ocorrer
"muito mais cedo do que vocês
pensam", sem citar uma data.
Ele disse que a escolha é consequência da crescente relação
comercial entre os dois países.
Ahmadinejad é inimigo declarado de Israel e já pediu mais
de uma vez o seu desaparecimento, além de negar o Holocausto. A visita do presidente
iraniano ao Brasil tinha sido
marcada para maio, mas, após
provocar protestos de entidades judaicas, foi cancelada na
véspera do dia escolhido -segundo o governo iraniano, para
que Ahmadinejad pudesse se
dedicar à sua campanha.
Shaterzadeh citou números
que mostram um crescimento
de 38% no fluxo comercial entre Brasil e Irã no primeiro semestre deste ano, comparado a
igual período de 2008. Enquanto isso, houve queda de 27% em
relação ao bloco econômico do
Oriente Médio, segundo dados
do Ministério do Desenvolvimento. Israel isoladamente,
por exemplo, apresenta um índice ainda maior de redução:
cerca de 52%.
"O Brasil é um país emergente, importante e poderoso, que
deve ser respeitado. Acho que
existe aqui essa mesma visão
sobre o Irã", afirmou.
Israel
Questionado sobre a visita de
Liberman, o embaixador respondeu que o Brasil não será
"facilmente influenciado por
um país pequeno, racista e não
reconhecido". "É um governo
racista, com ideias fascistas",
disse, ao comentar que Israel
tem um histórico de "massacre
do povo inocente e injustiçado
da Palestina".
Consultada pela Folha, a
Embaixada de Israel fez o seguinte comentário sobre as declarações do embaixador iraniano: "Ao contrário do Irã, Israel e Brasil são países democráticos que mantêm relações
diplomáticas num espectro
amplo, que abrange vários temas de cooperação e parceria.
Não precisamos do aval de nenhum governo, muito menos
do Irã, para continuarmos essa
boa relação bilateral".
Além de Liberman, o primeiro chanceler israelense a visitar o Brasil desde 1987, o país
deve receber em novembro o
presidente de Israel, Shimon
Peres.
Colaborou SAMY ADGHIRNI, da Reportagem Local
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