São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2011

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ONU declara surto de fome na África

Alerta pretende sensibilizar países para que aumentem sua ajuda humanitária; focos da crise estão na Somália

Desnutrição aguda atinge cerca de 30% das crianças na região, segundo informações das Nações Unidas

CAROLINA MONTENEGRO
DE SÃO PAULO

A ONU declarou ontem situação de fome crítica em duas regiões do sul da Somália, no leste da África. A organização também advertiu que a situação pode se espalhar pelo país nos próximos meses, se a comunidade internacional não fizer doações para mitigar a crise.
Mark Bowden, coordenador humanitário da ONU para a Somália, afirmou que as regiões de Bakool e Shabelle foram atingidas pela pior fome em 20 anos e que a crise pode chegar às oito regiões do sul do país. "Ainda não temos os recursos necessários para fornecer alimentação, água potável, abrigo e atendimento médico para milhares de somalis, que passam necessidade."
Cerca de 10 milhões de pessoas são afetadas em algum grau pela fome no chamado Chifre da África -Somália, Quênia, Etiópia e Djibuti. Em situação extrema estão cerca de 2,8 milhões de somalis.
A crise da fome na Somália é causada pela seca recorrente, que atinge a região há anos, mas teve piora em 2011. Duas estações de chuva não vieram e a produção agrícola foi destruída, levando à alta da inflação.
Para piorar o cenário, conflitos entre milícias no sul do país também dificultam as operações das agências humanitárias. A área é controlada pelo grupo extremista islâmico Al Shabab, ligado à rede terrorista Al Qaeda, que luta contra o governo interino apoiado pelo Ocidente.

INSEGURANÇA
Desde meados de 2009 até julho, o Al Shabab proibia a entrega de ajuda alimentar humanitária no sul da Somália, em partes do centro do país e na capital, Mogadício.
Alegavam que o auxílio internacional gerava dependência institucional, mas agora suspenderam a proibição com a piora da crise. "Definitivamente, os conflitos e a insegurança são o maior desafio para nossa atuação na Somália", disse à Folha Tyler Fainstat, diretor-executivo da MSF (Médicos sem Fronteiras) no Brasil.
A organização está presente no país desde 1991, mas suspendeu operações em Mogadício por dois anos devido aos conflitos. "Na Somália, as instalações hospitalares são praticamente inexistentes, é uma área muito carente. A situação de saúde da população é precária", afirmou Fainstat.
Em 2010, só em Mogadício, as equipes de emergência da organização atenderam mais de 5.500 pacientes e realizaram 1.136 cirurgias. Após o alerta da ONU, os EUA disseram que enviarão ajuda para as áreas em crise, mas não querem que o Al Shabab interfira na distribuição dos alimentos. O grupo está na lista de organizações terroristas dos EUA.


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