São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Porta-voz do grupo terrorista afirma que "Gaza não é a Palestina" e que "resistência" fará Israel sair da Cisjordânia

Hamas diz que luta até "liberar" Jerusalém

DA REDAÇÃO

O grupo terrorista palestino Hamas afirmou ontem que, depois da retirada de Israel de Gaza, vai lutar para que os israelenses saiam da Cisjordânia e de Jerusalém. "Gaza não é a Palestina", disse um porta-voz mascarado do grupo a jornalistas em Gaza.
"Quanto a Jerusalém e à Cisjordânia, vamos liberá-las por meio da resistência, assim como Gaza foi liberada", disse o porta-voz, rodeado por milicianos armados com lançadores de foguete.
Ele não chegou a afirmar explicitamente se o Hamas, cujo objetivo é a destruição do Estado de Israel, pretende abandonar a trégua no fim do ano. Integrantes do grupo terrorista concordaram em respeitar um cessar-fogo até o fim de 2005, a pedido do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
A retirada é vista pela liderança palestina e pela comunidade internacional como um passo para a retomada das negociações com vistas à criação de um Estado palestino na Cisjordânia e em Gaza. Mas membros do Hamas e de outros grupos terroristas, bem como parte da população, vêem o fim dos assentamentos em Gaza como uma vitória da revolta armada iniciada após o fracasso das negociações bilaterais em 2000.
Israel disse que não voltará às conversações antes do desmantelamento de grupos como o Hamas, a maior facção por trás dos atentados contra israelenses.
Abbas espera conseguir colocar os terroristas na trilha política. O Hamas deverá conquistar um significativo número de vagas no Parlamento em sua primeira participação em eleições legislativas no pleito previsto para 25 de janeiro. Mas o grupo rejeita a idéia de desarmar-se. "Nossas armas removeram o inimigo sionista e por isso não vamos entregá-las a ninguém", disse o porta-voz.
Os palestinos receberam bem a retirada israelense de Gaza, mas temem que essa seja uma estratégia para que Israel conserve os grandes assentamentos judaicos na Cisjordânia e também na parte árabe de Jerusalém.
Nos próximos dias, cerca de 9.000 colonos judeus terão abandonado os 21 assentamentos em Gaza e quatro na Cisjordânia, região onde 230 mil ainda devem ficar. Vivem em Gaza e na Cisjordânia 3,8 milhões de palestinos.
A maioria dos israelenses é a favor da retirada de Gaza, mas direitistas dizem que ela recompensa os palestinos por seus ataques e significa a renúncia a terras prometidas por Deus ao povo judeu.


Com agências internacionais


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