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Retirada deixa 5.000
palestinos sem trabalho
MICHEL GAWENDO
ENVIADO ESPECIAL A GAZA
O palestino Ashraf Wasse não é
exatamente contra o plano de retirada dos assentamentos judaicos da faixa de Gaza, mas está sentindo os efeitos do desemprego.
Ele trabalhou durante dez anos
em uma estufa agrícola no assentamento de Gadid e, desde a semana passada, perdeu o salário
médio de 2.000 shekels por mês
(cerca de US$ 450, ou R$1.100,
pouco mais da metade do valor
do salário mínimo em Israel), dependendo do número de dias trabalhados, e começou a realizar
serviços informais de reforma no
campo de refugiados de Khan
Younis, onde mora.
"Não vai ser fácil ficar sem trabalho. Depois que deixei a estufa,
fico muito tempo em casa. Estou
me sentindo como um peixe fora
d'água, que fica sem ar. Uma hora
ele vai morrer", disse Ashraf.
Segundo o escritório do Ministério do Interior palestino em
Khan Younis, cerca de 5.000 palestinos trabalhavam nos assentamentos judaicos de Gaza. Não havia informações sobre planos de
absorção destes trabalhadores.
O colono Gavriel Bentalulia, de
Gadid, ex-patrão de Ashraf, disse
que vai sentir saudades dos funcionários do campo de refugiados
vizinho. Na semana passada, ele
desligou a irrigação das plantações de pimentões e cebolas e se
despediu dos empregados.
"Tive palestinos trabalhando
comigo durante dez anos. É claro
que neste tempo cria-se uma relação de amizade, mesmo com as
diferenças políticas", disse.
"A convivência era melhor até a
primeira Intifada, em 1987", afirmou Bentalulia. "O problema são
os políticos da [extinta] OLP [Organização para a Libertação da
Palestina], que vieram de fora."
Ashaf, casado e pai de três filhos, não gosta de falar de política.
Mas disse esperar que a retirada
de Israel ajude a incentivar a paz.
"Se Deus quiser, vai ficar melhor para os dois lados daqui para
frente", disse
LEIA MAIS sobre a a retirada dos
territórios ocupados na
www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2005/
retiradadegaza/
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