São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005

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Retirada deixa 5.000 palestinos sem trabalho

MICHEL GAWENDO
ENVIADO ESPECIAL A GAZA

O palestino Ashraf Wasse não é exatamente contra o plano de retirada dos assentamentos judaicos da faixa de Gaza, mas está sentindo os efeitos do desemprego.
Ele trabalhou durante dez anos em uma estufa agrícola no assentamento de Gadid e, desde a semana passada, perdeu o salário médio de 2.000 shekels por mês (cerca de US$ 450, ou R$1.100, pouco mais da metade do valor do salário mínimo em Israel), dependendo do número de dias trabalhados, e começou a realizar serviços informais de reforma no campo de refugiados de Khan Younis, onde mora.
"Não vai ser fácil ficar sem trabalho. Depois que deixei a estufa, fico muito tempo em casa. Estou me sentindo como um peixe fora d'água, que fica sem ar. Uma hora ele vai morrer", disse Ashraf.
Segundo o escritório do Ministério do Interior palestino em Khan Younis, cerca de 5.000 palestinos trabalhavam nos assentamentos judaicos de Gaza. Não havia informações sobre planos de absorção destes trabalhadores.
O colono Gavriel Bentalulia, de Gadid, ex-patrão de Ashraf, disse que vai sentir saudades dos funcionários do campo de refugiados vizinho. Na semana passada, ele desligou a irrigação das plantações de pimentões e cebolas e se despediu dos empregados.
"Tive palestinos trabalhando comigo durante dez anos. É claro que neste tempo cria-se uma relação de amizade, mesmo com as diferenças políticas", disse.
"A convivência era melhor até a primeira Intifada, em 1987", afirmou Bentalulia. "O problema são os políticos da [extinta] OLP [Organização para a Libertação da Palestina], que vieram de fora."
Ashaf, casado e pai de três filhos, não gosta de falar de política. Mas disse esperar que a retirada de Israel ajude a incentivar a paz.
"Se Deus quiser, vai ficar melhor para os dois lados daqui para frente", disse
LEIA MAIS sobre a a retirada dos territórios ocupados na
www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2005/ retiradadegaza/


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