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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
ONU alerta para "abismo de violência"
Para Terje Roed-Larsen, enviado da organização ao Líbano, nova violação da trégua levará a "derramamento de sangue'
Premiê Olmert recusa força de paz com países que não mantêm relação com Israel; UE convoca reunião para discutir situação na região
DA REDAÇÃO
A ONU afirmou ontem que o
cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hizbollah pode facilmente fracassar e cair em
"um abismo de violência e derramamento de sangue", caso
seja violado novamente, como
ocorreu anteontem. Para o enviado da organização ao Líbano, o norueguês Terje Roed-Larsen, a trégua dá uma oportunidade ao governo libanês de
fazer valer sua autoridade em
todo o país. Roed-Larsen deu a
declaração em Beirute, pouco
antes de rumar para Israel.
Em telefonema a seu colega
italiano Romano Prodi, o premiê israelense, Ehud Olmert,
pediu que a Itália lidere a força
de paz da ONU no Líbano, segundo comunicado emitido por
seu gabinete. "É importante
que a Itália lidere essa força e
envie soldados também para
supervisionar a fronteira do Líbano com a Síria", diz o texto. A
França havia se oferecido para
a missão, mas prometeu apenas
mais 200 homens, além dos
200 que já estão no Líbano. Roma não deixou claro quantos
soldados pretende enviar.
Olmert também disse que
não aceitará a presença de soldados que venham de países
que não mantêm relações diplomáticas com o seu. A decisão atinge Indonésia, Malásia e
Bangladesh, todos países islâmicos, e complica os esforços
da ONU para reunir 15 mil homens na força de paz.
Na véspera, a ONU condenara o ataque realizado por Israel
contra o Hizbollah no leste do
Líbano, que violou o cessar-fogo negociado pela organização
após 34 dias de conflito em que
mais de mil pessoas morreram
-quase 900 do lado libanês.
Roed-Larsen afirmou que
quaisquer outros ataques irão
desencorajar os países que
compõem a força internacional
a enviarem soldados à região.
Para Israel, o ataque foi defensivo e portanto não violou a
trégua, pois visava a interromper o fornecimento de armas ao
Hizbollah a partir de Irã e Síria.
Já o governo libanês, que
vem se recusando a desarmar o
Hizbollah, prometeu "esmagar" qualquer tentativa, do seu
lado da fronteira, de romper a
trégua, afirmando que quem o
fizer será considerado traidor.
"O Exército será muito duro
em casos assim", afirmou o ministro da Defesa, Elias Murr.
"Qualquer foguete disparado
do Líbano irá beneficiar Israel",
sugerindo que isso serviria de
pretexto para Israel atacar.
Reuniões
A França pediu à União Européia que convoque uma reunião dos países-membros sobre
o Líbano. Segundo uma autoridade da Finlândia, que ocupa a
presidência rotativa do bloco, o
Comitê de Segurança e Política
da UE deve se reunir na quarta.
Até agora, poucos países fizeram contribuições significativas para a força de paz, pois entendem que as regras sob as
quais seus soldados irão operar
estão mal definidas. Mas Vijay
Nambiar, outro enviado da
ONU ao Líbano, disse que elas
já estão "quase finalizadas".
Muito criticado, Olmert
anunciou que irá formar um
grupo para estudar a atuação
do governo e das Forças Armadas no conflito, mas não especificou sua composição e seus objetivos. Seus críticos afirmam
que Israel avaliou de forma
pouco clara os desdobramentos da guerra e tergiversou
quando decisões-chave precisariam ter sido tomadas (leia
texto ao lado).
Os ministros das Relações
Exteriores da Liga Árabe convocaram ontem uma reunião
de emergência para discutir como financiar a reconstrução do
Líbano e tentar diminuir o
crescente desacordo entre os
árabes moderados e a Síria, que
apóia o Hizbollah. A Arábia
Saudita disse que já doou US$
500 milhões, e o Kuwait planeja doar US$ 800 milhões. O Irã
disse estudar um pacote.
Também ontem, o ministro
da Justiça israelense, Haim Ramon, renunciou após a Justiça
do país anunciar que levará a
cabo ações contra ele por assédio sexual. Ele teria beijado
uma militar contra a vontade
dela em uma festa no início da
ofensiva. Ramon nega.
Com agências internacionais
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