São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2006

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Emboscada em Bagdá mata 20 e fere até 300

Homens armados atacam xiitas durante peregrinação que em 2005 terminou com quase mil mortos

DA REDAÇÃO

Homens armados, alguns escondidos sobre telhados, prepararam uma emboscada para milhares de peregrinos xiitas que participavam de uma caminhada rumo a um santuário em Bagdá, matando 20 pessoas e ferindo até 300, segundo informaram oficiais iraquianos.
"A maioria dos ataques ocorreu quando os peregrinos cruzavam áreas vizinhas a Kadhimiya", disse Qasim Yahya Allawi, porta-voz do Ministério da Saúde, referindo-se ao subúrbio localizado no norte da capital, onde o santuário é o ponto principal da cerimônia religiosa, que dura dois dias.
A segurança foi reforçada para diminuir os riscos de um conflito sectário manchar o festival, cuja história já é sangrenta. No ano passado, o boato de que havia um homem-bomba na multidão criou um tumulto no qual cerca de mil pessoas morreram pisoteadas, esmagadas e afogadas em um rio na região- crianças e mulheres, na maioria.

Repercussão
Ataques foram registrados no oeste e no norte da cidade, enquanto imagens exibidas pela TV mostravam guardas sobre os telhados de um prédio do governo trocando tiros com insurgentes. A polícia iraquiana e o Ministério do Interior apontaram um número menor de mortos: oito, mais 90 feridos.
Depois da emboscada, foram registrados conflitos armados nos subúrbios de Bagdá. A polícia criou corredores de segurança que levavam ao templo e solicitou aos peregrinos que usassem apenas as rotas designadas. O enorme número de pessoas nas ruas, porém, fez com que muitos buscassem caminhos alternativos para chegar ao santuário e acabassem atingidos por disparos.
O ministro da Defesa, general Abdul Qader Jassim, disse que 30 suspeitos foram presos, incluindo ao menos cinco árabes não-iraquianos, e que 14 policiais se feriram.
A violência sectária -entre a maioria árabe xiita e a minoria árabe sunita, que detinha o poder sob Saddam Hussein- vem matando dezenas de iraquianos por dia. A situação leva alguns analistas a afirmarem que o país já está em guerra civil, e retarda a saída dos mais de 130 mil soldados que os EUA mantêm no Iraque desde a invasão do país, em março de 2003.

Saddam
O ex-ditador deve voltar hoje ao banco dos réus, desta vez para ser julgado por genocídio. Saddam é acusado de coordenar a matança de mais de 100 mil iraquianos de etnia curda em 1988, na chamada campanha de Anfal. Entre os outros seis réus estará seu primo Ali Hassan al Majid, conhecido como "Ali Químico" por ter usado gás venenoso para conter a insurreição curda no norte.
O julgamento de Saddam pela morte de 148 xiitas no vilarejo de Dujail em 1982 ainda não terminou. Em ambos os casos, se condenado, o ex-ditador pode ser sentenciado à morte por enforcamento.


Com agências internacionais


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