São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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Nos EUA, MD-82, pivô de desastre, é alvo de revisão

Acidentes com o modelo já deixaram mais de mil mortos; para especialistas, aeronave é antiga, mas não é insegura

Avião fabricado até 1999 pela Boeing não é usado no Brasil; empresa americana encontrou problemas no trem de pouso e troca a frota


DA REPORTAGEM LOCAL

O modelo de avião MD-82 -que se envolveu no acidente de ontem em Madri- pertence à mesma série que levou a agência federal de aviação dos EUA a determinar inspeções na frota de companhias aéreas do país nos últimos meses.
A medida levou ao cancelamento de milhares de vôos e atingiu principalmente a American Airlines -que tem a maior frota dessa série de aeronaves. Um dos alertas envolvia problemas no trem de pouso.
A empresa manifestou recentemente a intenção de acelerar a substituição dos seus aviões MD-80 por aparelhos 737-800, sob a justificativa de buscar economia no consumo de combustível.
O MD-82, que integra a série do MD-80, é um avião de médio porte (até 172 passageiros), utilizado principalmente em curtas distâncias, para vôos domésticos. A Anac (agência de aviação brasileira) diz não haver hoje nenhuma aeronave do tipo cadastrada no Brasil.
O modelo do projeto e a tecnologia são considerados antigos -o que não significa inseguro, dizem especialistas.
Os primeiros aviões da série começaram a operar em 1980. Entre as primeiras companhias a utilizá-lo estiveram a Swissair e a Austrian Airlines, além de empresas de vôos fretados.
A produção da linha MD-80 foi interrompida em 1999, dois anos depois de a Boeing incorporar a norte-americana McDonnell Douglas, que foi a criadora dessa aeronave.
Segundo dois especialistas brasileiros, a explicação para a Boeing ter deixado de fabricá-lo está ligada a fatores comerciais (para não concorrer com seu 737) e não a questionamentos sobre sua segurança.
"Se houvesse alguma dúvida sobre os riscos desse modelo, ele não seria autorizado a voar até hoje pelo mundo", avalia Ronaldo Jenkins, que é coordenador de segurança de vôo do Snea (sindicato das empresas aéreas brasileiras).
Assim como Jenkins, Roberto Peterka, também especialista em segurança de vôo, considera que as inspeções da frota de MD-80 determinadas nos Estados Unidos são apenas medidas corretivas tradicionais, que não podem, por enquanto, ser vinculadas às causas do acidente de ontem em Madri.

Acidentes
Em menos de duas décadas foram produzidos cerca de 1.200 aviões da série MD-80 -e, segundo a Boeing, a American Airlines operava 275.
A Aviation Safety Network (organização internacional independente de aviação) diz que essas aeronaves já se envolveram em 56 incidentes, sendo 23 com mais gravidade e um total superior a mil mortes.
Somente nos últimos três anos houve quatro acidentes graves com a frota de MD-80, totalizando mais de 450 mortos (incluindo os de ontem).
Entre as tragédias mais recentes esteve a queda de um MD-82 na Venezuela em 2005, por falha nos motores, com 160 mortos. Ele pertencia à empresa West Caribbean e levava turistas do Panamá para a ilha caribenha de Martinica.
O MD-82 é um jato bimotor, com 45 metros de comprimento e turbinas Pratt Whitney na parte traseira da fuselagem.


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