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Setor cria nova elite em sociedade de castas
DA REDAÇÃO
Como é de praxe em momentos
de grande transformação econômica, a Índia assiste, com o boom
da indústria de Tecnologia da Informação (TI), ao nascimento de
um novo grupo de milionários
-algo especialmente impactante
em um país em que a divisão da
sociedade em castas ainda vigora.
"Este novo grupo é pequeno,
mas deve, no longo prazo, se tornar mais influente", diz o professor Geoff Walsham, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), citando a dificuldade da estrutura política indiana em absorver mudanças como a razão para
a demora da nova elite em adquirir maior poder.
"Há uma nova classe empreendedora, de espírito competitivo e
perfil global pronta a transpor as
fronteiras culturais do país",
acrescenta R. Nagaraj, do Instituto Indira Gandhi de Pesquisa para
o Desenvolvimento.
Mas a professora Sunanda Sen,
da Academia de Estudos do Terceiro Mundo da Universidade Jamia Milia vê o impacto desse novo grupo na sociedade como pouco relevante: "A reação da sociedade vai da curiosidade à apatia".
Fuga e retorno de cérebros
A limitação do poder e mesmo
do tamanho grupo também guarda relação com o fato de muitos
desses novos milionários e novos
talentos acabarem deixando o
país -a maior parte dos quais,
rumo aos EUA, que hoje domina
70% do mercado mundial de TI.
"Não há muitas medidas para
reduzir a fuga de cérebros nem estímulo para manter essas pessoas
no país. Mas a Índia acabou se beneficiando", diz Nagaraj.
A contramão do fenômeno é
que o boom de TI começou exatamente com indianos que, após viverem no exterior, retornaram ao
país com uma forte rede de contatos, promovendo o investimento.
"A sociedade indiana é muito
forte, e muitos indianos preferem
retornar a seu país a ficar em outro lugar", diz Walsham. "Além
disso, um indiano rico pode viver
muito bem na Índia, onde os serviços e a comida são baratos e o
clima, agradável."
(LC)
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