São Paulo, segunda-feira, 21 de setembro de 2009

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EUA não têm prazo para sair do Afeganistão

Em rodada de entrevistas, Obama diz que não há data prevista para o fim da guerra e se recusa a falar se mandará mais tropas

Democrata afirma que volta de Zelaya faria eleições em Honduras mais legítimas e pede que Cuba abandone "práticas antidemocráticas"

Mark Wilson - 17.set.09/France Presse
Obama acena para simpatizantes em evento para divulgar sua reforma da saúde na última quinta na Universidade de Maryland

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

A Guerra do Afeganistão, herança de George W. Bush que se torna cada vez mais o conflito de Barack Obama, não tem prazo para acabar. A afirmação foi feita pelo presidente americano, durante blitz de entrevistas a cinco programas jornalísticos dominicais -feito inédito para ocupantes da Casa Branca.
"Eu não tenho um prazo final para a retirada" do Afeganistão, disse ele. "Mas eu obviamente não acredito em ocupações indefinidas de outros países." O presidente se recusou também a dizer se continuaria a escalada militar. "Tenho de exercer ceticismo toda vez que eu mando um jovem ou uma jovem de uniforme em direção ao perigo, porque eu sou o responsável se eles não voltam."
Desde que assumiu, Obama aumentou o número de soldados naquele front e sofre pressão de parte da comunidade militar para enviar mais soldados. Ao mesmo tempo, conforme aumenta o número de soldados mortos e a duração do conflito, vê o apoio popular à guerra se desvanecer, junto de seu índice de popularidade.
Ontem, o democrata disse que, quando assumiu, a estratégia do país para o Afeganistão estava "à deriva" e que o que ele está fazendo é garantir que o objetivo inicial, de capturar membros da Al Qaeda, está sendo cumprido.
Nas entrevistas, ele falou principalmente da discussão sobre a reforma do sistema de saúde pública e das acusações de racismo feitas a parte de seus críticos. Ele nega que seja essa a questão principal.
Mas tocou em diversos outros assuntos, como a investigação que autorizou para examinar se a CIA cometeu abusos -"Ninguém está acima da lei", disse Obama sobre o tema- e se o país já saiu da recessão -"Deixo para o Ben Bernanke responder", falou em alusão ao presidente do BC americano.

Honduras e Cuba
Na entrevista à emissora hispânica Univision, Obama falou brevemente do golpe de Estado em Honduras, que chega perto dos três meses, e do concerto que o cantor colombiano Juanes promoveu em Cuba.
Sobre o primeiro, disse que deseja que ambas as partes aceitem os termos do plano proposto pelo presidente da Costa Rica, Óscar Arias, que prevê a volta do deposto Manuel Zelaya ao poder: "Isso faria as eleições [presidenciais, que acontecem em novembro] muito mais legítimas".
Obama enfrenta oposição doméstica em relação a Honduras. Na sexta, o senador republicano Jim DeMint disse que continuaria a usar uma manobra regimental que impede a aprovação dos nomes de dois indicados de Obama que são peça-chave para a implantação de sua política na América Latina: Arturo Valenzuela, para o cargo principal do Departamento do Estado para a região, e Thomas Shannon, para a Embaixada dos EUA no Brasil.
Sobre Juanes, que planejava fazer do show um auxiliar no degelo das relações EUA-Cuba, Obama elogiou o músico, mas disse que quer ver o país "se distanciar das práticas antidemocráticas do passado".
Disse ainda que continua fazendo articulações para que seja apresentado ao Congresso um projeto de reforma das leis de imigração que possa ser aprovado. Indagado sobre se manteria a promessa de campanha de fazer isso no primeiro ano de mandato, tergiversou: "Seria fácil para nós apresentar qualquer projeto de lei, mas o desafio é que ele seja aprovado, e eu quero ser realista".
A blitz antecede uma semana intensa, em que Obama será novamente testado no cenário internacional. Amanhã, em Nova York, participa de uma reunião sobre mudança climática convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, com outros cem líderes.
No mesmo dia, mediará um encontro com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Participa ainda de reunião com o presidente chinês, Hu Jintao.
No dia seguinte, faz sua primeira participação na Assembleia Geral da ONU e tem encontros bilaterais com o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e o recém-eleito premiê do Japão, Yukio Hatoyama.
Na quinta, chefia reunião do Conselho de Segurança sobre não proliferação nuclear e vai a Pittsburgh, onde será anfitrião da reunião do G20.


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