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EUA não têm prazo para sair do Afeganistão
Em rodada de entrevistas, Obama diz que não há data prevista para o fim da guerra e se recusa a falar se mandará mais tropas
Democrata afirma que volta
de Zelaya faria eleições em
Honduras mais legítimas e
pede que Cuba abandone
"práticas antidemocráticas"
Mark Wilson - 17.set.09/France Presse
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Obama acena para simpatizantes em evento para divulgar sua reforma da saúde na última quinta na Universidade de Maryland
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A Guerra do Afeganistão, herança de George W. Bush que se
torna cada vez mais o conflito
de Barack Obama, não tem prazo para acabar. A afirmação foi
feita pelo presidente americano, durante blitz de entrevistas
a cinco programas jornalísticos
dominicais -feito inédito para
ocupantes da Casa Branca.
"Eu não tenho um prazo final
para a retirada" do Afeganistão,
disse ele. "Mas eu obviamente
não acredito em ocupações indefinidas de outros países." O
presidente se recusou também
a dizer se continuaria a escalada militar. "Tenho de exercer
ceticismo toda vez que eu mando um jovem ou uma jovem de
uniforme em direção ao perigo,
porque eu sou o responsável se
eles não voltam."
Desde que assumiu, Obama
aumentou o número de soldados naquele front e sofre pressão de parte da comunidade
militar para enviar mais soldados. Ao mesmo tempo, conforme aumenta o número de soldados mortos e a duração do
conflito, vê o apoio popular à
guerra se desvanecer, junto de
seu índice de popularidade.
Ontem, o democrata disse
que, quando assumiu, a estratégia do país para o Afeganistão
estava "à deriva" e que o que ele
está fazendo é garantir que o
objetivo inicial, de capturar
membros da Al Qaeda, está
sendo cumprido.
Nas entrevistas, ele falou
principalmente da discussão
sobre a reforma do sistema de
saúde pública e das acusações
de racismo feitas a parte de
seus críticos. Ele nega que seja
essa a questão principal.
Mas tocou em diversos outros assuntos, como a investigação que autorizou para examinar se a CIA cometeu abusos
-"Ninguém está acima da lei",
disse Obama sobre o tema- e
se o país já saiu da recessão
-"Deixo para o Ben Bernanke
responder", falou em alusão ao
presidente do BC americano.
Honduras e Cuba
Na entrevista à emissora hispânica Univision, Obama falou
brevemente do golpe de Estado
em Honduras, que chega perto
dos três meses, e do concerto
que o cantor colombiano Juanes promoveu em Cuba.
Sobre o primeiro, disse que
deseja que ambas as partes
aceitem os termos do plano
proposto pelo presidente da
Costa Rica, Óscar Arias, que
prevê a volta do deposto Manuel Zelaya ao poder: "Isso faria as eleições [presidenciais,
que acontecem em novembro]
muito mais legítimas".
Obama enfrenta oposição
doméstica em relação a Honduras. Na sexta, o senador republicano Jim DeMint disse
que continuaria a usar uma manobra regimental que impede a
aprovação dos nomes de dois
indicados de Obama que são
peça-chave para a implantação
de sua política na América Latina: Arturo Valenzuela, para o
cargo principal do Departamento do Estado para a região,
e Thomas Shannon, para a Embaixada dos EUA no Brasil.
Sobre Juanes, que planejava
fazer do show um auxiliar no
degelo das relações EUA-Cuba,
Obama elogiou o músico, mas
disse que quer ver o país "se
distanciar das práticas antidemocráticas do passado".
Disse ainda que continua fazendo articulações para que seja apresentado ao Congresso
um projeto de reforma das leis
de imigração que possa ser
aprovado. Indagado sobre se
manteria a promessa de campanha de fazer isso no primeiro
ano de mandato, tergiversou:
"Seria fácil para nós apresentar
qualquer projeto de lei, mas o
desafio é que ele seja aprovado,
e eu quero ser realista".
A blitz antecede uma semana
intensa, em que Obama será
novamente testado no cenário
internacional. Amanhã, em
Nova York, participa de uma
reunião sobre mudança climática convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,
com outros cem líderes.
No mesmo dia, mediará um
encontro com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, e o
presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Participa ainda de reunião com o
presidente chinês, Hu Jintao.
No dia seguinte, faz sua primeira participação na Assembleia Geral da ONU e tem encontros bilaterais com o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e o recém-eleito premiê
do Japão, Yukio Hatoyama.
Na quinta, chefia reunião do
Conselho de Segurança sobre
não proliferação nuclear e vai a
Pittsburgh, onde será anfitrião
da reunião do G20.
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