São Paulo, segunda-feira, 21 de setembro de 2009

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Israel não atacará o Irã, diz presidente russo

Medvedev afirma ter ouvido do colega israelense promessa de que Estado judaico não planeja alvejar centrais nucleares iranianas

Russo rejeita sustar venda de mísseis terra-ar a Teerã: "O que entregamos e o que vamos entregar sempre serão armas defensivas"

DA REDAÇÃO

O presidente russo, Dmitri Medvedev, disse ter ouvido pessoalmente do colega israelense, Shimon Peres, a promessa de que Israel não tem intenção de atacar o Irã.
"Quando o presidente israelense me visitou [em agosto] em Sochi [no sul da Rússia], ele me disse uma coisa importante para todos: que Israel não planeja nenhum tipo de ataque contra o Irã e que Israel é um país pacífico", disse Medvedev, em entrevista à TV americana CNN cuja transcrição foi divulgada ontem.
Segundo o presidente russo, um ataque ao Irã causaria uma fuga em massa de refugiados iranianos para territórios vizinhos e poderia levar Teerã a buscar uma retaliação contra diversos países.
"Seria a pior coisa que se possa imaginar", afirmou Medvedev, enfatizando que confia nas garantias que diz ter recebido do governo israelense.
A declaração de Medvedev destoa da retórica linha dura que vem sendo usada pelo governo israelense. Embora seja a única potência atômica do Oriente Médio, Israel considera o programa nuclear de Teerã uma ameaça à sua existência e deixou no ar reiteradas vezes a possibilidade de bombardear as centrais iranianas.
No ano passado, a Força Aérea israelense realizou manobras envolvendo cem aviões no Mediterrâneo, num exercício apresentado como um ensaio para um ataque ao Irã. Vários dirigentes dos governos israelenses atual e anterior argumentaram que o único meio de evitar que o Irã consiga uma bomba atômica é atacando as centrais atômicas do país.
Segundo relatos de imprensa, Israel chegou a pedir ajuda militar aos EUA sob George W. Bush (2001-2009) para atacar o Irã, mas a Casa Branca se recusou a avalizar uma ação capaz de deflagrar mais uma guerra no Oriente Médio.
Com apoio diplomático da Rússia, Teerã insiste em que suas instalações nucleares servem apenas para produzir energia e negocia com as grandes potências uma solução que lhe permita continuar enriquecendo urânio -o que tem direito a fazer sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, desde que em cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, questiona o Holocausto e defende que Israel seja varrido do mapa, embora nunca tenha afirmado que tomaria a iniciativa de destruir o Estado judaico.

Contratos
Apesar do discurso apaziguador, o presidente Medvedev não descartou a venda de mísseis russos terra-ar S-300 ao governo iraniano.
"O que entregamos e o que vamos entregar sempre serão armas defensivas. Esta é a nossa posição firme, e nós a manteremos para tomar decisões definitivas sobre todos os contratos com o Irã", disse Medvedev.
Moscou negocia há meses a venda dos S-300, capazes de atingir aviões a 30 km de altitude e ao menos 150 km de distância. A aquisição dos mísseis por Teerã dificultaria a realização de um bombardeio por forças externas.
A declaração de Medvedev contraria a posição do governo israelense, que anunciara em agosto ter obtido garantias de que os russos não venderiam os mísseis a Teerã.
Medvedev negou estar apoiando o Irã contra Israel. "Nossa tarefa não é fortalecer o Irã e enfraquecer Israel ou vice-versa, mas buscar uma situação normal e calma no Oriente Médio".


Com agências internacionais


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