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Israel não atacará o Irã, diz presidente russo
Medvedev afirma ter ouvido do colega israelense promessa de que Estado judaico não planeja alvejar centrais nucleares iranianas
Russo rejeita sustar venda de mísseis terra-ar a Teerã: "O que entregamos e o que vamos entregar sempre serão armas defensivas"
DA REDAÇÃO
O presidente russo, Dmitri
Medvedev, disse ter ouvido
pessoalmente do colega israelense, Shimon Peres, a promessa de que Israel não tem intenção de atacar o Irã.
"Quando o presidente israelense me visitou [em agosto]
em Sochi [no sul da Rússia], ele
me disse uma coisa importante
para todos: que Israel não planeja nenhum tipo de ataque
contra o Irã e que Israel é um
país pacífico", disse Medvedev,
em entrevista à TV americana
CNN cuja transcrição foi divulgada ontem.
Segundo o presidente russo,
um ataque ao Irã causaria uma
fuga em massa de refugiados
iranianos para territórios vizinhos e poderia levar Teerã a
buscar uma retaliação contra
diversos países.
"Seria a pior coisa que se possa imaginar", afirmou Medvedev, enfatizando que confia nas
garantias que diz ter recebido
do governo israelense.
A declaração de Medvedev
destoa da retórica linha dura
que vem sendo usada pelo governo israelense. Embora seja a
única potência atômica do
Oriente Médio, Israel considera o programa nuclear de Teerã
uma ameaça à sua existência e
deixou no ar reiteradas vezes a
possibilidade de bombardear
as centrais iranianas.
No ano passado, a Força Aérea israelense realizou manobras envolvendo cem aviões no
Mediterrâneo, num exercício
apresentado como um ensaio
para um ataque ao Irã. Vários
dirigentes dos governos israelenses atual e anterior argumentaram que o único meio de
evitar que o Irã consiga uma
bomba atômica é atacando as
centrais atômicas do país.
Segundo relatos de imprensa, Israel chegou a pedir ajuda
militar aos EUA sob George W.
Bush (2001-2009) para atacar
o Irã, mas a Casa Branca se recusou a avalizar uma ação capaz de deflagrar mais uma
guerra no Oriente Médio.
Com apoio diplomático da
Rússia, Teerã insiste em que
suas instalações nucleares servem apenas para produzir
energia e negocia com as grandes potências uma solução que
lhe permita continuar enriquecendo urânio -o que tem direito a fazer sob o Tratado de Não
Proliferação Nuclear, desde
que em cooperação com a
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, questiona
o Holocausto e defende que Israel seja varrido do mapa, embora nunca tenha afirmado que
tomaria a iniciativa de destruir
o Estado judaico.
Contratos
Apesar do discurso apaziguador, o presidente Medvedev
não descartou a venda de mísseis russos terra-ar S-300 ao
governo iraniano.
"O que entregamos e o que
vamos entregar sempre serão
armas defensivas. Esta é a nossa posição firme, e nós a manteremos para tomar decisões definitivas sobre todos os contratos com o Irã", disse Medvedev.
Moscou negocia há meses a
venda dos S-300, capazes de
atingir aviões a 30 km de altitude e ao menos 150 km de distância. A aquisição dos mísseis
por Teerã dificultaria a realização de um bombardeio por forças externas.
A declaração de Medvedev
contraria a posição do governo
israelense, que anunciara em
agosto ter obtido garantias de
que os russos não venderiam os
mísseis a Teerã.
Medvedev negou estar
apoiando o Irã contra Israel.
"Nossa tarefa não é fortalecer o
Irã e enfraquecer Israel ou vice-versa, mas buscar uma situação normal e calma no
Oriente Médio".
Com agências internacionais
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