São Paulo, terça-feira, 21 de setembro de 2010

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Para Irã, órgão nuclear da ONU vive crise

Chefe do programa atômico iraniano afirma que agência nuclear foi injusta e parcial em relatório sobre o país

Teerã critica também a abordagem de "ameaça e diálogo" do Ocidente; EUA rejeitam a troca de prisioneiros com regime

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Irã acusou ontem a AIEA (agência nuclear da ONU) de passar por uma crise de "autoridade moral e de credibilidade", em referência ao aumento da crítica do órgão ao programa atômico iraniano.
Em discurso aos países-membros da AIEA, em Viena (Áustria), o chefe da agência atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, qualificou de injusto relatório que acusa o país de não cooperar com o órgão.
O texto, do começo deste mês, acusa o Irã de ter elevado em 15% desde maio o enriquecimento de urânio -parte do material a 20%, próprio ao uso medicinal, o que revela um maior domínio sobre o ciclo- e expulsado dois dos inspetores da AIEA no país.
Salehi insinuou suposta influência de potências no relatório da agência -com a qual as relações do Irã têm piorado desde a posse do japonês Yukiya Amano, tido como pró-Ocidente, como secretário-geral, em 2009.
O Ocidente, EUA à frente, suspeita que o programa nuclear do Irã almeje construir a bomba -o que Teerã rejeita, alegando possuir finalidade pacífica- e promove cerco internacional que culminou com a aprovação de sanções no Conselho de Segurança da ONU em junho.
Desde então, o regime iraniano já deu sinais de querer retomar a via diplomática, e os EUA e aliados dizem que a porta para um acordo não está fechada, mas seguem fazendo pressão sobre o rival.
Salehi criticou a condução de "via dupla" levada a cabo dizendo que "a abordagem incivilizada de duas vias -de ameaça e diálogo- não tem como se mostrar frutífera".
As críticas iranianas foram, no entanto, rebatidas pelo secretário de Energia dos EUA, Steven Chu, que discursou depois de Salehi.
Segundo ele, o governo do presidente Barack Obama continua buscando uma saída diplomática para o impasse, "mas o Irã precisa fazer o que até agora falhou em fazer -cumprir suas obrigações e garantir ao mundo a natureza pacífica de sua intenção".
"Do contrário, é claro que há grande e crescente consenso de que o Irã terá que pagar se continuar representando um desafio", afirmou.
A Casa Branca anunciou ontem que Obama utilizará o seu discurso na Assembleia Geral da ONU, que deve ocorrer na próxima quinta-feira, para dizer que "a porta está aberta" ao Irã para melhorar as suas relações com a "comunidade internacional".
A última tentativa de acordo entre o Irã e as potências, mediado por Brasil e Turquia em maio, foi rejeitada pelos EUA, que consideraram tardia e insuficiente a resposta iraniana à proposta de troca de urânio pouco enriquecido por material para reator médico -apresentado em 2009.

TROCA DE PRESOS
Os EUA rejeitaram ontem oferta realizada na véspera pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, de troca de dois americanos presos há um ano acusados de "espionagem" por oito iranianos detidos em solo americano.
Para o Departamento de Estado, os dois supostos alpinistas americanos detidos na fronteira com o Iraque em julho do ano passado não estão em condição semelhante à de presos julgados nos EUA.
Na semana passada, Teerã libertou a americana Sarah Shourd, que fora detida com os outros dois americanos. Ao chegar aos EUA, anteontem, Shourd se disse "um terço" livre, em referência aos compatriotas ainda detidos.


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