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Para Irã, órgão nuclear da ONU vive crise
Chefe do programa atômico iraniano afirma que agência nuclear foi injusta e parcial em relatório sobre o país
Teerã critica também a abordagem de "ameaça e diálogo" do Ocidente; EUA rejeitam a troca de prisioneiros com regime
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O Irã acusou ontem a AIEA
(agência nuclear da ONU) de
passar por uma crise de "autoridade moral e de credibilidade", em referência ao aumento da crítica do órgão ao
programa atômico iraniano.
Em discurso aos países-membros da AIEA, em Viena
(Áustria), o chefe da agência
atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, qualificou de injusto relatório que acusa o país de
não cooperar com o órgão.
O texto, do começo deste
mês, acusa o Irã de ter elevado em 15% desde maio o enriquecimento de urânio -parte do material a 20%, próprio
ao uso medicinal, o que revela um maior domínio sobre o
ciclo- e expulsado dois dos
inspetores da AIEA no país.
Salehi insinuou suposta
influência de potências no
relatório da agência -com a
qual as relações do Irã têm
piorado desde a posse do japonês Yukiya Amano, tido
como pró-Ocidente, como secretário-geral, em 2009.
O Ocidente, EUA à frente,
suspeita que o programa nuclear do Irã almeje construir
a bomba -o que Teerã rejeita, alegando possuir finalidade pacífica- e promove cerco internacional que culminou com a aprovação de sanções no Conselho de Segurança da ONU em junho.
Desde então, o regime iraniano já deu sinais de querer
retomar a via diplomática, e
os EUA e aliados dizem que a
porta para um acordo não está fechada, mas seguem fazendo pressão sobre o rival.
Salehi criticou a condução
de "via dupla" levada a cabo
dizendo que "a abordagem
incivilizada de duas vias -de
ameaça e diálogo- não tem
como se mostrar frutífera".
As críticas iranianas foram, no entanto, rebatidas
pelo secretário de Energia
dos EUA, Steven Chu, que
discursou depois de Salehi.
Segundo ele, o governo do
presidente Barack Obama
continua buscando uma saída diplomática para o impasse, "mas o Irã precisa fazer o
que até agora falhou em fazer
-cumprir suas obrigações e
garantir ao mundo a natureza pacífica de sua intenção".
"Do contrário, é claro que
há grande e crescente consenso de que o Irã terá que
pagar se continuar representando um desafio", afirmou.
A Casa Branca anunciou
ontem que Obama utilizará o
seu discurso na Assembleia
Geral da ONU, que deve ocorrer na próxima quinta-feira,
para dizer que "a porta está
aberta" ao Irã para melhorar
as suas relações com a "comunidade internacional".
A última tentativa de acordo entre o Irã e as potências,
mediado por Brasil e Turquia
em maio, foi rejeitada pelos
EUA, que consideraram tardia e insuficiente a resposta
iraniana à proposta de troca
de urânio pouco enriquecido
por material para reator médico -apresentado em 2009.
TROCA DE PRESOS
Os EUA rejeitaram ontem
oferta realizada na véspera
pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, de troca
de dois americanos presos há
um ano acusados de "espionagem" por oito iranianos
detidos em solo americano.
Para o Departamento de
Estado, os dois supostos alpinistas americanos detidos na
fronteira com o Iraque em julho do ano passado não estão
em condição semelhante à
de presos julgados nos EUA.
Na semana passada, Teerã
libertou a americana Sarah
Shourd, que fora detida com
os outros dois americanos.
Ao chegar aos EUA, anteontem, Shourd se disse "um terço" livre, em referência aos
compatriotas ainda detidos.
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