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Jornais se preparam para pedido de prisão
Proprietários de "La Nación" e "Clarín" são processados por governo argentino
Diários são processados em razão da compra de empresa de papel-jornal durante a mais recente ditadura, nos anos 70
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
Os jornais "Clarín" e "La
Nación", principais veículos
impressos da Argentina, prometem reagir a um pedido de
prisão preventiva contra
seus dirigentes que estaria
sendo preparado pelo governo Cristina Kirchner.
A presidente, que mantém
um conflito aberto contra os
dois veículos, anunciou em
agosto a intenção de denunciá-los por crimes contra a
humanidade ocorridos na
década de 1970.
Essa denúncia viria acompanhada de um pedido de
"prisão imediata" contra três
diretores nos próximos dias,
segundo publicado no fim de
semana pelo jornal "Perfil".
Procurado pela Folha, o
governo argentino não confirmou nem desmentiu a informação.
A legislação argentina permite um pedido de prisão feito pelo governo -no caso,
pela Procuradoria do Tesouro, órgão equivalente à Advocacia Geral da União. O juiz,
antes de decidir, tem de levar
em conta também a opinião
do Ministério Público.
Conforme a versão do governo, os dirigentes foram
cúmplices do último regime
militar do país (1976-1983) e
se aproveitaram da condição
de fragilidade de uma família
perseguida pela ditadura para comprar ações da Papel
Prensa, empresa que hoje
produz 75% do papel-jornal
consumido na Argentina.
O diretor de Negócios do
"La Nación", Eduardo Lomanto, diz que o governo usa
o poder do Estado "para manipular a história" e tenta
"criminalizar" dirigentes de
veículos que não se submeteram a seus interesses.
A linha editorial dos jornais é crítica ao governo.
Segundo Lomanto, os dois
veículos estão preparados
para tomar as medidas judiciais necessárias para "preservar a liberdade dos diretores", já que existe uma "grande possibilidade" de que o
governo entre com pedidos
de prisão preventiva.
O gerente de Comunicações Externas do "Clarín",
Martín Etchevers, disse que
não quer "corroborar algo
que ainda não ocorreu", mas
afirma que o departamento
jurídico levantou testemunhas e provas para refutar os
argumentos do governo.
"Temos os recibos de pagamento [das ações da Papel
Prensa], desmontamos a versão ponto por ponto. Caso isso se confirme, será uma
aberração judicial que confirmará que se trata de uma
perseguição", diz Etchevers.
LISTA DE CRIMES
Conforme documentos obtidos pelo "Perfil", os principais acionistas do "Clarín",
Ernestina Herrera de Noble e
Héctor Magnetto, e o diretor
de redação do "La Nación",
Bartolomé Mitre, serão denunciados como "partícipes
necessários" em crimes de
extorsão, ameaça, privação
ilegítima de liberdade, sequestro e homicídio, todos
relacionados com a compra.
No mesmo documento, o
governo denunciará como
"autores e coautores" dos crimes os ex-ditadores do país e
dirigentes militares que, em
maioria, já estão presos.
Caso a Justiça aceite a denúncia e os dirigentes dos
jornais sejam julgados, eles
podem ser condenados à prisão perpétua.
As vítimas são integrantes
da família Graiver, que acabaram presos e torturados
meses depois de venderem
sua parte na Papel Prensa.
A denúncia contra os jornais está sendo preparada
pela Secretaria de Direitos
Humanos do governo e pela
Procuradoria do Tesouro.
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