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Afeganistão terá segundo turno em 17 dias
Após comissão apoiada pela ONU invalidar cerca de 1 milhão de seus votos, Karzai concorda com nova votação no próximo dia 7
Autoridades eleitorais se agilizam para organização do pleito, que corre o risco de sofrer com fraudes e violência, como no 1º turno
Romeo Gacad/France Presse
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Afegãos assistem em restaurante a pronunciamento do presidente
Hamid Karzai, no qual ele aceitou participar de segundo turno
DA REDAÇÃO
O presidente do Afeganistão,
Hamid Karzai, concordou ontem em participar do segundo
turno da eleição presidencial
do país, marcado para 7 de novembro, contra o ex-ministro
do Exterior Abdullah Abdullah.
O anúncio foi feito dois meses
após a realização do pleito e depois de investigações sobre
fraudes terem anulado quase
um terço de seus votos.
Karzai fez o pronunciamento
ao lado do presidente do Comissão de Relações Exteriores
do Senado dos EUA, John
Kerry, e do chefe da ONU no
Afeganistão, Kai Eide -sinal da
intensa pressão internacional
que sofria para aceitar as conclusões das investigações.
O segundo turno foi marcado
depois de a Comissão Eleitoral
de Apelações (CEA), apoiada
pelas Nações Unidas, ter ordenado que mais de 1 milhão de
votos fossem invalidados -a
maioria era de Karzai.
A Comissão Eleitoral Independente (CEI), responsável
pela apuração, anulou então a
vitória do presidente, já que ele
caiu dos 54,6% anunciados preliminarmente para 49,7% dos
votos válidos -menos do que
os 50% mais um necessários
para evitar uma nova votação.
Abdullah passou de 28% para
32% -ele teve mais de 200 mil
votos também anulados.
Ontem, o presidente não comentou as irregularidades. Disse apenas que "este é o momento de seguir adiante, em direção
à estabilidade e à unidade nacional". Karzai reconheceu que
o resultado final é "legítimo, legal e de acordo com a Constituição do Afeganistão".
O porta-voz de Abdullah, Sayed Fazil Sancharki, disse que o
candidato opositor também
concorda com a nova votação.
Líderes de diversos países
ocidentais cujas tropas participam da guerra afegã comemoraram o anúncio.
Em comunicado, o presidente dos EUA, Barack Obama
-que deixara claro não ter planos de enviar mais tropas ao
Afeganistão sem um governo
confiável em Cabul-, congratulou Karzai por seu comprometimento com a lei. "As ações
construtivas do presidente
Karzai estabeleceram um importante precedente para a nova democracia no Afeganistão."
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy,
destacaram que Karzai, ao aceitar o segundo turno, demonstrou ser um "estadista".
Problemas
Com o fim das investigações,
as autoridades eleitorais afegãs
terão de apressar-se para organizar a nova votação. Se houver
qualquer atraso, o pleito pode
ser prejudicado pelo inverno,
que é rigoroso no Afeganistão e
deixa o norte do país inacessível por causa da neve.
Há ainda sérias preocupações de que o segundo turno
-no qual Karzai entra como favorito- possa sofrer as mesmas fraudes que mancharam a
votação de 20 de agosto.
Sobre isso, o secretário-geral
da ONU, Ban Ki-moon, fez ontem um alerta. "Vamos aconselhar a CEI a não recrutar novamente as pessoas que provavelmente estiveram envolvidas no
processo eleitoral fraudulento", afirmou. "E vamos garantir
todas [as medidas] administrativas e técnicas para que essa
eleição seja realizada da maneira mais justa e transparente."
A votação também sofre a
ameaça da violência. No primeiro turno, o Taleban atacou
locais de votação e prédios do
governo, matando mais de 20
pessoas -e afugentando tantas
outras que não votaram.
O problema foi enfatizado no
pronunciamento de Karzai:
"Tenho esperanças de que a comunidade internacional, o governo afegão e todos os outros
[que estão] preocupados irão
tomar todas as medidas possíveis para garantir a segurança
aos cidadãos. Então, quando
eles votarem, a votação não será chamada de fraude".
Com agências internacionais e o "Financial Times"
Leia coluna de Clóvis Rossi
sobre o Afeganistão
www.folha.com.br/092933
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