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EUA prendem fotógrafo por 19 meses por suposto laço com terror
Denúncia só deve ser feita agora, mas não há acusação formal contra iraquiano
DA REDAÇÃO
Os Estados Unidos anunciaram ontem que denunciarão
por terrorismo Bilal Hussein,
36, vencedor do prêmio Pulitzer de fotojornalismo pela cobertura da Guerra do Iraque. O
fotógrafo da agência de notícias
Associated Press está detido há
19 meses sem nenhuma acusação formal.
"Estamos esperançosos de
que agora haja, finalmente, alguma resolução sobre esta longa prisão, mas tememos que os
direitos legais de Bilal sejam ignorados -ou mesmo violados",
disse ontem Tom Curley, presidente da AP. O caso será levado
à Justiça iraquiana, que decidirá sobre a pertinência do julgamento. Se condenado, Bilal pode ser sentenciado à morte.
Segundo o porta-voz do Pentágono Geoff Morrell, há novas
provas -"convincentes" e "irrefutáveis"- da ligação entre
Bilal e grupos insurgentes.
"Os militares vêm dizendo isso há 19 meses, mas quando pedimos para ver o que é tão "convincente", recebemos de volta
algo que nada tem de convincente", disse ontem Dave Tomlin, conselheiro jurídico da AP.
Ele criticou também o sigilo
mantido sobre as supostas evidências, que "impossibilita" a
defesa de seu cliente.
Segundo a AP, sua própria investigação interna, coordenada
pelo ex-procurador federal
norte-americano Paul Gardephe, não encontrou sinais de
que Bilal "estivesse fazendo nada além de trabalhar como jornalista em um zona de guerra".
Entre as provas anteriormente
citadas pelo Comando Militar
dos EUA no Iraque estão a posse de propaganda insurgente,
de material usado na fabricação
de bombas e da fotografia de
uma instalação militar norte-americana.
Parte da equipe da AP que
venceu em 2005 o prêmio Pulitzer -um dos mais importantes do fotojornalismo mundial-, Bilal está entre os mais
conhecidos dos 14 mil detentos
mantidos pelos EUA no Iraque.
Não é, porém, o único profissional de imprensa preso.
Levantamento da Comissão
de Proteção aos Jornalistas,
uma das ONGs que pedem a libertação imediata de Bilal, relata dezenas de prisões, sobretudo de profissionais iraquianos, nos últimos três anos.
Quase todos foram libertados
rapidamente. Mas, em pelo menos oito casos documentados,
os jornalistas foram mantidos
no cárcere por semanas ou meses pelo Exército americano
sem acusação formal.
Com agências internacionais
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