São Paulo, quarta-feira, 21 de novembro de 2007

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EUA prendem fotógrafo por 19 meses por suposto laço com terror

Denúncia só deve ser feita agora, mas não há acusação formal contra iraquiano

DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos anunciaram ontem que denunciarão por terrorismo Bilal Hussein, 36, vencedor do prêmio Pulitzer de fotojornalismo pela cobertura da Guerra do Iraque. O fotógrafo da agência de notícias Associated Press está detido há 19 meses sem nenhuma acusação formal.
"Estamos esperançosos de que agora haja, finalmente, alguma resolução sobre esta longa prisão, mas tememos que os direitos legais de Bilal sejam ignorados -ou mesmo violados", disse ontem Tom Curley, presidente da AP. O caso será levado à Justiça iraquiana, que decidirá sobre a pertinência do julgamento. Se condenado, Bilal pode ser sentenciado à morte.
Segundo o porta-voz do Pentágono Geoff Morrell, há novas provas -"convincentes" e "irrefutáveis"- da ligação entre Bilal e grupos insurgentes.
"Os militares vêm dizendo isso há 19 meses, mas quando pedimos para ver o que é tão "convincente", recebemos de volta algo que nada tem de convincente", disse ontem Dave Tomlin, conselheiro jurídico da AP. Ele criticou também o sigilo mantido sobre as supostas evidências, que "impossibilita" a defesa de seu cliente.
Segundo a AP, sua própria investigação interna, coordenada pelo ex-procurador federal norte-americano Paul Gardephe, não encontrou sinais de que Bilal "estivesse fazendo nada além de trabalhar como jornalista em um zona de guerra". Entre as provas anteriormente citadas pelo Comando Militar dos EUA no Iraque estão a posse de propaganda insurgente, de material usado na fabricação de bombas e da fotografia de uma instalação militar norte-americana.
Parte da equipe da AP que venceu em 2005 o prêmio Pulitzer -um dos mais importantes do fotojornalismo mundial-, Bilal está entre os mais conhecidos dos 14 mil detentos mantidos pelos EUA no Iraque. Não é, porém, o único profissional de imprensa preso.
Levantamento da Comissão de Proteção aos Jornalistas, uma das ONGs que pedem a libertação imediata de Bilal, relata dezenas de prisões, sobretudo de profissionais iraquianos, nos últimos três anos. Quase todos foram libertados rapidamente. Mas, em pelo menos oito casos documentados, os jornalistas foram mantidos no cárcere por semanas ou meses pelo Exército americano sem acusação formal.


Com agências internacionais


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