|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ONU baixa estimativa de infectados por HIV
Após revisão de métodos, organização corrigiu de 39,5 milhões para 33,2 milhões a quantidade de casos no mundo
Novo relatório da Unaids vê estabilização na proporção de portadores do vírus entre populações e declínio no número de novas infecções
ANDREA MURTA
DA REDAÇÃO
Melhorias em métodos de
cálculo e monitoramento trouxeram boas notícias do front de
batalha global contra o HIV: a
ONU baixou de 39,5 milhões no
ano passado para 33,2 milhões
em 2007 a estimativa do número de pessoas vivendo com o vírus no mundo. A informação é
do relatório de 2007 do Programa da ONU para HIV/Aids
(Unaids), divulgado ontem.
O texto indica que há uma estabilização do número de infectados e ligeira queda nas taxas
de novos casos. Mas a diminuição de 6,3 milhões no número
estimado de infectados pelo
HIV se deve principalmente a
revisões nos métodos de estimativas e nos sistemas de monitoramento dos casos em vários países, sobretudo a Índia.
Após indicar, em 2006, que
havia 5,9 milhões de indianos
infectados com o HIV -o que
colocava o país como o campeão em número de casos-, a
Unaids agora afirma que o número correto para o país no ano
passado era de 2,5 milhões de
portadores do vírus.
Com os novos dados, a
Unaids informou que, em
2006, havia 32,7 milhões de
pessoas vivendo com o HIV
-quase 7 milhões a menos do
que o cálculo anterior. No total,
revisões só na Índia e em cinco
países da África subsaariana
(Angola, Quênia, Moçambique,
Nigéria e Zimbábue) foram responsáveis por 70% do ajuste.
No Zimbábue e no Quênia, a
queda real no número de novos
casos também contribuiu significativamente para a redução.
"Inquestionavelmente, estamos vendo o retorno do investimento [nas políticas contra o
HIV]", disse Peter Piotr, diretor-executivo da Unaids.
O órgão ainda elevou de 9 para 11 o número de anos que uma
pessoa contaminada com o
HIV sobrevive sem tratamento,
em média.
Estimativa alta
De 2006 para 2007, a Unaids
estima em 2,5 milhões o número de novos casos em todo o
mundo -o que significa 6.800
contaminações a cada dia.
"Infelizmente, estamos nos
estabilizando em um patamar
ainda muito alto", avalia Unaí
Tupinambás, colaborador do
Programa Nacional em DST/
Aids do Ministério da Saúde e
médico pesquisador especializado em HIV da Universidade
Federal de Minas Gerais.
Apesar de grave, o dado mostra uma melhora se comparado
ao pico de infecções por HIV,
apontado pela Unaids em mais
de 3 milhões por ano no final da
década de 1990.
"A epidemia está amadurecendo, mas é preciso reduzir a
incidência ainda mais", disse
Tupinambás à Folha. A Unaids
estima ainda que 2,1 milhões
de pessoas morreram devido à
Aids em 2006.
África subsaariana
O relatório deste ano aponta
que a região mais afetada pelo
HIV é a África subsaariana,
com 22,5 milhões de pessoas
vivendo com o vírus. O número
representa mais de 68% de todos os infectados. Além disso,
76% das mortes em conseqüência de Aids no planeta foram registradas na região.
Diferentemente de outras regiões, a África subsaariana tem
nas mulheres a maioria dos infectados pelo HIV -61%. O país
com as maiores taxas é a África
do Sul, que também está com o
índice de novos casos estável. A
Unaids não especificou o número de infectados no país.
A segunda região mundial
com os maiores percentuais de
pessoas infectadas em relação à
população total é o Caribe, onde 1% da população adulta vive
com o HIV. Têm destaque a República Dominicana e o Haiti.
Juntos, esses países reúnem
três quartos dos infectados caribenhos pelo vírus. Uma tendência negativa vem sendo registrada no Leste Europeu e na
Ásia Central, onde o número de
pessoas vivendo com o HIV
cresceu mais de 150% desde
2001, somando 1,6 milhões.
Texto Anterior: Paquistão: Governo de Musharraf liberta 3.400 Próximo Texto: Casos no Brasil estão estáveis em 620 mil Índice
|