São Paulo, quarta-feira, 21 de novembro de 2007

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ONU baixa estimativa de infectados por HIV

Após revisão de métodos, organização corrigiu de 39,5 milhões para 33,2 milhões a quantidade de casos no mundo

Novo relatório da Unaids vê estabilização na proporção de portadores do vírus entre populações e declínio no número de novas infecções

ANDREA MURTA
DA REDAÇÃO

Melhorias em métodos de cálculo e monitoramento trouxeram boas notícias do front de batalha global contra o HIV: a ONU baixou de 39,5 milhões no ano passado para 33,2 milhões em 2007 a estimativa do número de pessoas vivendo com o vírus no mundo. A informação é do relatório de 2007 do Programa da ONU para HIV/Aids (Unaids), divulgado ontem.
O texto indica que há uma estabilização do número de infectados e ligeira queda nas taxas de novos casos. Mas a diminuição de 6,3 milhões no número estimado de infectados pelo HIV se deve principalmente a revisões nos métodos de estimativas e nos sistemas de monitoramento dos casos em vários países, sobretudo a Índia.
Após indicar, em 2006, que havia 5,9 milhões de indianos infectados com o HIV -o que colocava o país como o campeão em número de casos-, a Unaids agora afirma que o número correto para o país no ano passado era de 2,5 milhões de portadores do vírus.
Com os novos dados, a Unaids informou que, em 2006, havia 32,7 milhões de pessoas vivendo com o HIV -quase 7 milhões a menos do que o cálculo anterior. No total, revisões só na Índia e em cinco países da África subsaariana (Angola, Quênia, Moçambique, Nigéria e Zimbábue) foram responsáveis por 70% do ajuste. No Zimbábue e no Quênia, a queda real no número de novos casos também contribuiu significativamente para a redução.
"Inquestionavelmente, estamos vendo o retorno do investimento [nas políticas contra o HIV]", disse Peter Piotr, diretor-executivo da Unaids.
O órgão ainda elevou de 9 para 11 o número de anos que uma pessoa contaminada com o HIV sobrevive sem tratamento, em média.

Estimativa alta
De 2006 para 2007, a Unaids estima em 2,5 milhões o número de novos casos em todo o mundo -o que significa 6.800 contaminações a cada dia.
"Infelizmente, estamos nos estabilizando em um patamar ainda muito alto", avalia Unaí Tupinambás, colaborador do Programa Nacional em DST/ Aids do Ministério da Saúde e médico pesquisador especializado em HIV da Universidade Federal de Minas Gerais.
Apesar de grave, o dado mostra uma melhora se comparado ao pico de infecções por HIV, apontado pela Unaids em mais de 3 milhões por ano no final da década de 1990.
"A epidemia está amadurecendo, mas é preciso reduzir a incidência ainda mais", disse Tupinambás à Folha. A Unaids estima ainda que 2,1 milhões de pessoas morreram devido à Aids em 2006.

África subsaariana
O relatório deste ano aponta que a região mais afetada pelo HIV é a África subsaariana, com 22,5 milhões de pessoas vivendo com o vírus. O número representa mais de 68% de todos os infectados. Além disso, 76% das mortes em conseqüência de Aids no planeta foram registradas na região.
Diferentemente de outras regiões, a África subsaariana tem nas mulheres a maioria dos infectados pelo HIV -61%. O país com as maiores taxas é a África do Sul, que também está com o índice de novos casos estável. A Unaids não especificou o número de infectados no país.
A segunda região mundial com os maiores percentuais de pessoas infectadas em relação à população total é o Caribe, onde 1% da população adulta vive com o HIV. Têm destaque a República Dominicana e o Haiti. Juntos, esses países reúnem três quartos dos infectados caribenhos pelo vírus. Uma tendência negativa vem sendo registrada no Leste Europeu e na Ásia Central, onde o número de pessoas vivendo com o HIV cresceu mais de 150% desde 2001, somando 1,6 milhões.


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