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Palin Show
Novo episódio de "documentário" sobre Sarah Palin, a republicana musa do movimento Tea Party , vai ao ar hoje à noite nos EUA
LUCIANA COELHO
EM BOSTON
O canal americano TLC
evita dizer "reality show". "É
um documentário." Ou um
programa de viagem. Uma
atração para a família. Ou, na
versão do estrategista conservador Karl Rove, "algo
que não ajuda os americanos
a imaginarem Sarah Palin na
Casa Branca".
O rótulo cabe ao freguês. O
que conta é que o espectador/eleitor terá uma dose televisiva extra da política conservadora mais pop dos EUA
nas noites de domingo. O segundo episódio de "Sarah
Palin's Alaska" vai ao ar hoje
no TLC, braço do Discovery.
Embora o bom senso favoreça Rove, é difícil prever o
futuro de Palin quando se
dissipa a linha entre política,
jornalismo e entretenimento
nos EUA.
Celebrizada como candidata republicana a vice-presidente em 2008, ela renunciou ao governo do Alasca e
voltou sua carreira política
para muito do que estofa o
showbiz.
O novo programa traz em
seus 45 minutos pouco de política além do broche com a
bandeira americana que ela
ostenta na lapela, lado a lado
com um pingente em forma
de crucifixo.
"As pessoas me conhecem
do palco político, ou talvez
por meio do meu livro", explica a musa do movimento
ultraconservador Tea Party.
"Mas eu sou uma mãe de cinco e acho importante que
meus filhos vejam o que o
Alasca tem a oferecer."
O primeiro dos oito episódios atraiu quase 5 milhões
de espectadores, na conta do
instituto Nielsen, o Ibope
americano.
Fica cada vez mais difícil
fugir de Palin. Comentarista
da Fox News, ela estampa a
capa de hoje da revista do
"New York Times" e, na terça, lança o segundo livro
("America by Heart: Reflections on Family, Faith and
Flag" - América de Cor: Reflexões sobre Família, Fé e Bandeira). Depois, turnê.
O novo show é uma colagem de sequências da família
se divertindo em paisagens
de gelo, entrecortada com rápidas cenas domésticas.
Estas, invariavelmente,
são da mãe zelosa das filhas
-seja cozinhando com Piper, 9, ou ralhando com Willow, 16, por levar um amigo
ao quarto. Contrária ao sexo
antes do casamento, teve de
lidar com gravidez da filha
Bristol, aos 17, na campanha.
"Amo esse Estado como
amo minha família", exclama a certa altura. O primeiro
é mais interessante que o segundo, e as imagens valeriam o programa se não fosse
a narração incessante na voz
esganiçada da protagonista.
AÇÃO!
No primeiro episódio, ela
aparece pescando salmão
em um lago frequentado por
ursos, para que Piper e uma
amiguinha vejam uma ursa
defender a cria.
De mais, há escaladas,
voos de hidroavião e passeios no trailer. No episódio
de hoje, ela praticará tiro, fará rafting, e andará de trenó.
Como Palin é uma super-mulher, ou tenta parecer, podemos vê-la também trabalhando no miniestúdio de TV
montado em casa para falar à
Fox, mexendo em papéis e
respondendo e-mails.
A versão candidata -ela já
disse querer disputar a Presidência em 2012- só aparece
quando Palin exibe a cerca
erguida para evitar a xeretice
do vizinho e sugere que "as
pessoas olhem e pensem que
é disso que precisamos para
proteger nossas fronteiras".
O exemplo da mãe já é seguido por Bristol, que disputa amanhã a final de "Dancing with the Stars" (a versão
americana da "Dança dos Famosos"). Mesmo com notas
baixas, a moça superou concorrentes graças aos votos do
público. Não, claro, sem polarizar o eleitorado.
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