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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

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Mães biológicas sofrem com estigma

DA REDAÇÃO

Um vértice do triângulo da adoção costuma aparecer pouco em estudos do tema: as mães biológicas. Enquanto em outros países as agências governamentais e não governamentais que cuidam dos processos de adoção oferecem às mães biológicas o mesmo apoio dado aos pais adotivos, no Brasil trabalhos desse gênero inexistem.
"O que existe são algumas instituições de acolhimento. Mas não há nenhum amparo de fato, inclusive para o processo de decisão", disse à Folha a psicóloga Maria Antonieta Pisano Motta, autora do livro "Mães Abandonadas - A Entrega de um Filho em Adoção" (Cortez, 2001). "É uma decisão legalmente tomada logo após o parto, num momento em que a mulher está muito descentrada, ela ainda precisa ir para o Judiciário e parecer coerente."
Sem apoio, muitas mulheres acabam, ante o sentimento de perda, incorrendo numa nova gravidez e numa nova doação.
Motta vê nessa falta de apoio um dos maiores motivos para parte das adoções no Brasil ainda ocorrer ilegalmente. "Existe uma ignorância generalizada sobre o tema. Muitas mães acham que estão cometendo um ato ilegal", diz. "Não existem políticas públicas nesse sentido."
Finalmente, diz a psicóloga, as mulheres se vêem diante do estigma de ter doado um filho. "Normalmente, elas se preocupam em dar um destino razoável para a criança, mas quase todas levam a pecha de desnaturadas. Imagine se vão pensar em políticas públicas para acolhê-las." (LC)


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