São Paulo, sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

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Notícia fragiliza a estratégia de Cristina

Buenos Aires e Caracas negam laços oficiais com Wilson

DE BUENOS AIRES

A informação de que Guido Antonini Wilson teria estado na Casa Rosada ao mesmo tempo em que o presidente Hugo Chávez assinava convênios com Néstor Kirchner reforça sua proximidade com o governo venezuelano e abala a estratégia argentina e venezuelana de qualificar como "operação de inteligência" do governo dos EUA a acusação de que o dinheiro apreendido com Wilson no aeroporto de Buenos Aires era uma doação de Chávez para Cristina.
Antes, já havia fortes indícios de que Wilson tinha ligações com o governo venezuelano e com a estatal PDVSA, a começar pelo fato de ele ter estado no avião fretado no qual chegou à Argentina em 4 de agosto supostamente a convite do filho de um diretor da estatal. Wilson também esteve em uma visita a Montevidéu como membro da comitiva do governador chavista Johnny Yánez.
Ontem, nenhuma autoridade do governo argentino comentou a informação de que Wilson teria estado na Casa Rosada. O único que fez declarações sobre o caso da mala, o chefe-de-gabinete de Cristina, Alberto Fernández, falou antes da revelação da procuradora Maria Luz Rivas Diez.
Fernández voltou a apontar na direção do governo americano. Disse que há "uma situação difícil" na relação com os EUA. "Não há muito sentido em continuar atirando lenha ao fogo, o fogo está aceso e há que ver como se resolve. Mas quem tem que resolver esse conflito são os EUA, que criaram essa situação", afirmou.
Anteontem, a Câmara e o Senado argentinos, ambos de maioria governista, haviam aprovado moções de repúdio contra os EUA por ofender Cristina. Um dos principais argumentos do governo argentino contra os EUA é que, após quatro meses, o governo americano não atendeu o pedido feito pela Justiça argentina de extradição de Wilson, sob acusação de tentativa de contrabando. O governo diz que não pode investigar o caso sem essa extradição. (RODRIGO RÖTZSCH)


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