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EUA treinam africanos contra extremistas
Forças americanas conduzem exercícios no Mali, que pode ajudar a catalisar a estratégia de luta antiterror na região
Democrático e com bons laços com vizinhos, país cujo norte é visado pela Al Qaeda recebe recursos militares e educacionais do Pentágono
ERIC SCHMITT
DO "NEW YORK TIMES", EM KATI, MALI
A milhares de quilômetros
do Iraque e do Afeganistão, um
outro lado da guerra contra o
terrorismo se desenrola na
África ocidental. Soldados
americanos treinam exércitos
africanos para vigiar as fronteiras e patrulhar áreas desérticas
contra a Al Qaeda, para que os
EUA não precisem fazê-lo.
Um exercício conduzido recentemente por militares dos
EUA em Kati, no Mali, fez parte
de um plano amplo, traçado
após o 11 de Setembro, para levar assistência e treinamento a
países fora do Oriente Médio.
Na África, uma parceria de
cinco anos e US$ 500 milhões
entre os Departamentos de Estado e da Defesa abrange Argélia, Chade, Mauritânia, Mali,
Marrocos, Níger, Nigéria, Senegal e Tunísia -e Líbia em breve.
Os esforços dos EUA para
combater o terrorismo na região também incluem programas não-militares, como formação de professores e treinamento profissional para jovens
muçulmanos que poderiam ser
alvos das campanhas de recrutamento de militantes.
Uma meta do programa é
agir nesses países antes que o
terrorismo se entrincheire neles como já fez na Somália. E,
diferentemente da Somália, o
Mali se dispõe a ter dezenas de
treinadores militares europeus
e americanos.
Ex-colônia francesa, o país é
uma democracia relativamente
estável, embora frágil, cujos líderes estão preocupados com
os militantes que se refugiaram
em seu desértico norte depois
de expulsos da vizinha Argélia.
A maior ameaça vem de cerca
de 200 combatentes da Al Qaeda no Magreb Islâmico. O Pentágono teme que o grupo lance
um ataque na Argélia ou na
Mauritânia para se firmar.
A Agência dos EUA para o
Desenvolvimento Internacional (Usaid) deve gastar neste
ano US$ 9 milhões em programas antiterrorismo no Mali.
Uma parte do dinheiro ampliará um programa existente
de capacitação de microempresários; outra formará professores de escolas islâmicas visando
conter o antiamericanismo.
Diplomatas dizem que o Mali
é um dos poucos países da região que tem boas relações com
seus vizinhos, o que o torna um
catalisador da cooperação mais
ampla de segurança regional
que os EUA procuram fomentar. O país poderia usar seus
soldados em conjunto com
exércitos vizinhos mais bem
equipados, como a Argélia.
Mas há obstáculos. O Pentágono ainda precisa explicar
melhor o papel de seu novo Comando África, criado em outubro para supervisionar as atividades militares no continente.
As autoridades americanas dizem que sua estratégia é conter
a ameaça da Al Qaeda e treinar
exércitos africanos.
"Este é um esforço de longo
prazo", diz o tenente-coronel
Jay Connors, das forças especiais americanas. "É um processo de engatinhar, caminhar
e correr, e, por ora, ainda estamos engatinhando."
Tradução de CLARA ALLAIN
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