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Ameaça venezuelana justifica maior gasto militar, diz Colômbia
Ministro da Defesa colombiano diz que país investirá para se
precaver ante governo "expansionista e autoritário" de Caracas
Chávez acusa Bogotá de
invadir seu espaço aéreo e
ordena abate de aeronave
não tripulada dos EUA caso
suposta incursão se repita
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Colômbia considera que
corre o risco de sofrer uma
"agressão externa", que partiria
do governo "expansionista e
autoritário" do venezuelano
Hugo Chávez e, por isso, diz
que deve investir militarmente
para sanar "vulnerabilidades
sérias" em matéria de defesa.
A avaliação foi feita pelo ministro da Defesa da Colômbia,
Gabriel Silva, em entrevista ao
jornal "El Tiempo", de Bogotá,
e compõe mais um capítulo da
tensão bilateral entre os governos Chávez e Álvaro Uribe.
Chávez, por sua vez, voltou a
dizer ontem, em seu programa
de TV dominical, que são "evidentes" os sinais de que Bogotá
e Washington se preparam para agredir a Venezuela. Afirmou que aviões não tripulados
americanos, baseados na colombiano, ingressaram no espaço aéreo venezuelano. "Ordenei: Se um aviãozinho desse
aparecer, derrubem-no!"
A crise bilateral preocupa diplomatas de governos vizinhos
e analistas. Eles dizem que a
tensão interrompe o intercâmbio bilateral de informações de
segurança e deteriora a situação na turbulenta fronteira entre os países, que abriga paramilitares, narcotraficantes e
guerrilheiros dos dois lados.
Anteontem, a Colômbia
abriu sete novos batalhões do
Exército, dois deles na fronteira com a Venezuela.
Imposto e Unasul
Na entrevista, o ministro da
Defesa comentou relatório entregue por ele ao Congresso
que aponta "vulnerabilidades
sérias" da Colômbia frente a
uma eventual ameaça externa.
A variável externa é um dos
motivos, disse, para a recém-aprovada expansão do imposto
sobre patrimônio para financiar a defesa. O tributo, criado
em 2007 e que acabaria ano que
vem, foi prorrogado até 2014.
"Seria irresponsável não informar ao Congresso [sobre a
ameaça externa]. Daí vem, em
grande medida, a justificativa
para o imposto sobre patrimônio. Agora as ameaças são duplas: externas e internas."
Gabriel Silva afirmou que a
Colômbia manterá o foco no
conflito armado interno -luta
contra as guerrilhas, reforçada
pela presença americana em
sete bases militares-, mas investirá para melhorar a capacidade de dissuasão e reação. "É
bom dizer que não estamos de
mãos atadas.Temos o melhor
Exército da América Latina."
A Colômbia tem as maiores
Forças Armadas do continente
(400 mil soldados), mas analistas concordam que, voltada para o conflito interno, está bem
menos preparada para uma
guerra convencional. O gasto
militar do país em 2007 foi 4%
do PIB, ante 1,3% de Caracas,
segundo o Sipri (Instituto de
Estudos da Paz de Estocolmo).
Silva acusou Chávez de gastar milhões com armas "de que
não precisa" e disse que Caracas é "uma ameaça real" para a
região, como o "intervencionismo cubano" foi no passado.
O clima de Guerra Fria se arrasta enquanto sugestões para
tentar aproximar Uribe e Chávez -como a reunião entre os
dois proposta pelo Brasil no
mês passado- fracassam.
A crise expõe a dificuldade de
atuação da Unasul (União de
Nações Sul-Americanas). Em
novembro, a instância comemorou ter aprovado documento de consenso mínimo em defesa, com ênfase no reforço da
confiança e transparência.
O texto, endossado por Venezuela e Colômbia, declara
"proscrito o uso ou a ameaça do
uso da força" na região.
Com agências internacionais
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