DA REDAÇÃO

O Irã fez ontem uma retirada parcial de suas tropas de uma área em litígio na fronteira com o Iraque, reclamada tanto por Teerã quanto por Bagdá. As informações provêm de fontes de ambos os países.
Segundo o porta-voz do governo iraquiano, Ali Al Dabbagh, o grupo de soldados iranianos que tomou na semana passada uma torre para extração de óleo não está mais na área, que o país considera parte de seu campo de petróleo de Fakka -um dos três da Província de Maysan.
"A bandeira iraniana foi retirada. Os soldados recuaram 50 metros, mas não retornaram para onde estavam anteriormente", disse.
Uma autoridade iraniana na região afirmou que as tropas retornaram a sua posição original após haverem desmantelado uma barricada erguida por soldados iraquianos perto da área em questão.
"As forças do Iraque haviam erguido uma barricada, agora destruída, perto da torre número quatro, em Fakka", afirmou a autoridade, em condição de anonimato, à TV estatal do Irã.
Membros da minoria sunita do Iraque criticaram o governo do país pela resposta acanhada à invasão. "É hora de dizer ao governo iraniano para parar de intervir no Iraque", disse Saleh al Mutlaq, líder político sunita.
Reidar Visser, analista especializado na região sul do Iraque, afirmou que tais incidentes podem "servir como um teatro político para desviar a atenção da questão -mais fundamental- da influência de Teerã nos altos escalões da política de Bagdá".
A região da fronteira Irã-Iraque, palco de uma guerra (1980-88) que deixou 1 milhão de mortos, é uma área com enormes reservas de petróleo ainda em disputa.
Apesar de a relação hoje ser cordial entre os dois maiores países de maioria xiita, o campo de Fakka, por se estender sobre os dois territórios, alimenta recorrentes acusações mútuas de extração indevida.
A exploração da área na parte iraquiana foi colocada em licitação em junho, para atrair os investimentos necessários à modernização de sua capacidade petroleira. Mas nenhuma empresa estrangeira aceitou as condições oferecidas.