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Argentina veta armas para conter protestos
Medida visa reduzir desgaste após
mortes em onda de manifestações
Para os opositores do governo de Cristina, proibição incentivará ações ilegais, como novas invasões de terra
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
O governo argentino da
presidente Cristina Kirchner
proibiu a Polícia Federal de
utilizar armas de fogo ao
atuar durante manifestações
sociais. A medida, anunciada neste fim de semana, impedirá que as tropas usem
munição letal e balas de borracha para conter tumultos.
A decisão foi tomada pela
ministra da Segurança, Nilda
Garré, que assumiu a pasta
criada há dez dias em meio a
uma onda de ocupações e enfrentamentos populares
ocorridos em Buenos Aires.
Ex-ministra da Defesa,
Garré recebeu de Cristina a
missão de reduzir o desgaste
provocado pela morte de
dois manifestantes num confronto entre policiais e um
grupo de sem-teto, formado,
em maioria, por imigrantes
bolivianos e paraguaios.
As vítimas, que viviam improvisadas em um parque
público da capital argentina,
resistiram a uma ordem judicial de desocupação e enfrentaram a Polícia Federal e
a Polícia Metropolitana, vinculada ao prefeito de Buenos
Aires, Mauricio Macri, opositor da Casa Rosada.
A Justiça ainda investiga
se os tiros que mataram os
sem-teto partiram de policiais ou de civis envolvidos
no conflito. A TV local, no entanto, mostrou integrantes
da Polícia Federal agredindo
manifestantes no chão.
As imagens provocaram
exonerações na corporação e
fizeram com que o governo
nacional e a prefeitura evitassem nova ação no parque.
Sem qualquer presença do
Estado, moradores de bairros
vizinhos à ocupação decidiram expulsar os sem-teto por
conta própria e promoveram
uma batalha campal, que resultou em mais um morto e
dezenas de feridos.
Macri atribuiu o problema
à "imigração descontrolada"
e foi chamado de xenófobo
por Cristina, que prometeu
não usar a Polícia Federal para reprimir os sem-teto.
Conforme as novas regras,
as tropas que atuarem em
manifestações poderão carregar apenas cacetetes, escudos e gás lacrimogêneo.
Fora da zona de protesto, a
corporação poderá manter
homens armados, mas apenas por precaução.
Para grande parte da oposição, a decisão da nova ministra é equivocada. Além de
expor os policiais a agressões, a medida incentivará
ações ilegais, como invasões
de terra, segundo a deputada
Elisa Carrió.
Diferentemente do que
ocorre no Brasil, a Polícia Federal argentina trabalha uniformizada e, além de investigar crimes federais, trabalha
paralelamente às forças provinciais nas ruas do país.
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