São Paulo, terça-feira, 21 de dezembro de 2010

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Argentina veta armas para conter protestos

Medida visa reduzir desgaste após mortes em onda de manifestações

Para os opositores do governo de Cristina, proibição incentivará ações ilegais, como novas invasões de terra

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

O governo argentino da presidente Cristina Kirchner proibiu a Polícia Federal de utilizar armas de fogo ao atuar durante manifestações sociais. A medida, anunciada neste fim de semana, impedirá que as tropas usem munição letal e balas de borracha para conter tumultos.
A decisão foi tomada pela ministra da Segurança, Nilda Garré, que assumiu a pasta criada há dez dias em meio a uma onda de ocupações e enfrentamentos populares ocorridos em Buenos Aires.
Ex-ministra da Defesa, Garré recebeu de Cristina a missão de reduzir o desgaste provocado pela morte de dois manifestantes num confronto entre policiais e um grupo de sem-teto, formado, em maioria, por imigrantes bolivianos e paraguaios.
As vítimas, que viviam improvisadas em um parque público da capital argentina, resistiram a uma ordem judicial de desocupação e enfrentaram a Polícia Federal e a Polícia Metropolitana, vinculada ao prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, opositor da Casa Rosada.
A Justiça ainda investiga se os tiros que mataram os sem-teto partiram de policiais ou de civis envolvidos no conflito. A TV local, no entanto, mostrou integrantes da Polícia Federal agredindo manifestantes no chão.
As imagens provocaram exonerações na corporação e fizeram com que o governo nacional e a prefeitura evitassem nova ação no parque.
Sem qualquer presença do Estado, moradores de bairros vizinhos à ocupação decidiram expulsar os sem-teto por conta própria e promoveram uma batalha campal, que resultou em mais um morto e dezenas de feridos.
Macri atribuiu o problema à "imigração descontrolada" e foi chamado de xenófobo por Cristina, que prometeu não usar a Polícia Federal para reprimir os sem-teto.
Conforme as novas regras, as tropas que atuarem em manifestações poderão carregar apenas cacetetes, escudos e gás lacrimogêneo.
Fora da zona de protesto, a corporação poderá manter homens armados, mas apenas por precaução.
Para grande parte da oposição, a decisão da nova ministra é equivocada. Além de expor os policiais a agressões, a medida incentivará ações ilegais, como invasões de terra, segundo a deputada Elisa Carrió.
Diferentemente do que ocorre no Brasil, a Polícia Federal argentina trabalha uniformizada e, além de investigar crimes federais, trabalha paralelamente às forças provinciais nas ruas do país.


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