São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Appel, indiciado ontem, teria pago US$ 700 mil a premiê e filho, mas não há provas contra líder israelense

Empresário é acusado de subornar Sharon

DA REDAÇÃO

A Justiça israelense indiciou o empresário David Appel sob a acusação de ter subornado, no final dos anos 90, o premiê de Israel, Ariel Sharon, que na época era chanceler, e o seu filho Gilad Sharon.
O caso pode causar sérios problemas políticos e legais para Sharon. Opositores já pediam a sua renúncia ontem. O premiê está sendo investigado em outro caso de corrupção, mas ainda não foi condenado.
Autoridades do Ministério da Justiça de Israel disseram ontem que uma decisão sobre um eventual indiciamento de Sharon no caso Appel poderá demorar semanas ou até meses. Por enquanto, não há provas contra o premiê.
Segundo o indiciamento, Appel, um conhecido empreendedor do setor imobiliário em Israel, teria destinado US$ 100 mil a Gilad e cerca de US$ 600 mil ao rancho da família Sharon.
A quantia foi paga por meio de Gilad, que foi contratado por Appel para promover um projeto de um resort em uma ilha grega.
Como Gilad não tinha nenhuma experiência para o cargo para o qual foi contratado, suspeita-se que a contratação tenha sido uma jogada para que o suposto suborno fosse pago à família de Sharon. O empreendimento na Grécia nunca foi levado adiante.
Em troca do dinheiro, Sharon teria favorecido alguns empreendimentos imobiliários de Appel em Israel. O vice-premiê de Israel, Ehud Olmert, na época prefeito de Jerusalém, também teria recebido suborno.
Appel ainda teria dado dinheiro para Sharon disputar as primárias do Likud em 1999.
Moshe Israel, advogado de Appel, disse que seu cliente é inocente. "Não houve suborno. Ninguém deu e ninguém recebeu", disse Israel.
O premiê não comentou o indiciamento do empresário. Segundo assessores, ele trabalhava normalmente em seu gabinete.
Sharon também é suspeito, em outro inquérito, de ter recebido uma doação de US$ 1,5 milhão de um empresário estrangeiro para a sua campanha nas primárias de 1999.
O analista político Hanan Crystal, da Rádio Israel, disse que, se o caso for levado adiante, o ministro da Justiça, Yosef Lapid, poderia se retirar do governo junto com os outros 15 parlamentares do Shinui -um partido secular que apóia o governo de Sharon.
Se isso acontecer, o premiê perderia a maioria no Knesset (Parlamento de Israel). "Há cerca de 50% de chances de indiciarem Sharon", acrescentou o analista jurídico israelense Moshe Negbi.
O ex-premiê e líder da oposição, Shimon Peres (Partido Trabalhista), disse que Sharon deveria apresentar publicamente a sua versão do caso.
Por enquanto, ainda não há indícios de que esse escândalo esteja afetando a popularidade de Sharon. Porém recente pesquisa indica que a maioria dos israelenses defende que ele renuncie ao cargo se for comprovado seu envolvimento em casos de corrupção.

Violência
Uma palestina de 31 anos foi morta a tiros ontem no campo de refugiados de Rafah (faixa de Gaza) durante operação do Exército israelense para demolir 25 casas e uma mesquita. Segundo Israel, os tiros foram uma resposta a disparos feitos por membros de grupos terroristas.
Na fronteira com o Líbano, não houve confrontos ontem, após a morte de um soldado israelense na segunda-feira e o bombardeio de posições do grupo extremista islâmico Hizbollah anteontem.


Com agências internacionais


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