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HISTÓRIA
No século 19, presidente atendia no Willard
Lobby de hotel deu
origem ao nome
DE WASHINGTON
Como quase toda instituição
dos EUA, o lobby tem sementes plantadas há mais de dois
séculos na vida americana, desde a Constituição de 1787. O
apelido foi dado aos lobistas
quase cem anos depois, pelo
presidente Ulysses S. Grant,
que governou o país de 1864-1869. Apreciador de um bom
conhaque acompanhado de
charutos para encerrar o dia,
Grant era abordado por uma
série de pessoas no lobby do
hotel Willard todas as noites.
Pediam ajuda do presidente,
numa época em que era possível abordá-lo pessoalmente,
para casos envolvendo o governo. Disputas de terras, construção de pontes, coisas do tipo.
No dia seguinte, ao iniciar os
despachos na Casa Branca, a
dois quarteirões do hotel,
Grant se referia genericamente
àquelas pessoas como "os lobistas do hotel Willard". Daí
para a frente, o termo pegou.
Até a chegada de George W.
Bush à Presidência, porém, jamais foi tão proeminente. Impulsionado pelo capital político
que adquiriu após o 11 de Setembro, Bush conseguiu dominar as duas Casas do Legislativo -Câmara e Senado- com
seu Partido Republicano, apenas meses depois de o democrata Bill Clinton ter ocupado a
Casa Branca por dois mandatos. Os republicanos decidiram
chegar para ficar.
Lançaram então o chamado
"projeto rua K". De acordo
com essa cartilha, o partido não
dominaria apenas a cena política até 2008, com Bush na Presidência. Ou até 2010, com a hegemonia do Congresso. Mas
pelas décadas seguintes. Por
um lado, Bush nomearia republicanos para o segundo e terceiro escalões do governo. Por
outro, as empresas de lobby,
muitas delas com escritório na
região noroeste da rua K, seriam influenciadas a contratar
lobistas próximos aos republicanos.
A estratégia era natural e, na
teoria, havia grandes possibilidades de sucesso. Na prática,
porém, a política reinventa formas de destruir planejamentos.
Os escândalos envolvendo líderes republicanos e a queda do
megalobista Jack Abramoff refletem isso.
Dando razão à imprevisibilidade, não é possível dizer o que
será da rua K no futuro próximo, apenas lembrar que, desde
a chegada de Bush à Casa Branca, o número de lobistas dobrou no local. Caminhar pelas
calçadas ali significa trombar
com engravatados e mulheres
em terninhos. A maioria ao celular, levando pastas e papéis,
ou de olho no BlackBerry, aparelho portátil para o uso de e-mails. Os prédios contrastam
com a arquitetura clássica de
Washington, envidraçados.
O trabalho de lobby, porém,
ocorre longe dali. Nos restaurantes da avenida Pensilvânia,
a poucas quadras da Casa
Branca. Na academia de ginástica do Congresso, onde auxiliares suam ouvindo estatísticas. E nas cafeterias da Câmara
e do Senado. Nesse último caso, não é muito diferente de
uma distante capital chamada
Brasília.
(IURI DANTAS)
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