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Base militar dos EUA divide governo italiano
Prodi aprova ampliação, mas os aliados resistem
TONY BARBER
DO "FINANCIAL TIMES", EM ROMA
Os membros da coalizão governista de centro-esquerda na
Itália trocaram acusações de
traição e irresponsabilidade, na
semana passada, enquanto surgia uma cisão nas fileiras do governo quanto à proposta de expansão de uma base militar
americana perto de Veneza.
O premiê Romano Prodi
anunciou na terça-feira que
planejava permitir a ampliação
da base em Vicenza, no nordeste da Itália, mas os comunistas
e outros esquerdistas que integram sua coalizão declararam
que se oporiam à decisão.
Ainda que pareça improvável
que a disputa venha a causar a
queda do governo Prodi, é a primeira ocasião desde sua vitória
nas urnas, em abril, em que
uma questão de política externa resulta em exibição pública
de recriminações mútuas entre
os integrantes da aliança.
Alfonso Pecoraro Scanio, ministro do Meio Ambiente, chegou a ameaçar uma rebelião
contra o plano de Prodi para
prolongar o envolvimento militar italiano em operações sob
comando da Otan (Organização do Tratado do Atlântico
Norte) contra os insurgentes
do Taleban, no Afeganistão.
A Itália contribui com quase
2.000 dos 31 mil soldados da
aliança militar estacionados no
Afeganistão.
Em Vicenza, onde o prefeito
e muitos empresários apóiam a
expansão da base, em parte devido ao estímulo que esperam
venha propiciar à economia local, centenas de manifestantes
saíram às ruas sob faixas em
que se lia "vergonha!".
"A decisão profundamente
equivocada de Romano Prodi
não quer dizer que a questão de
Vicenza esteja encerrada no
país; ela agora está mais aberta
do que nunca", disse Alfio Nicotra, da Refundação Comunista, terceiro maior partido na
coalizão governista.
Os parceiros de esquerda na
coalizão de Prodi argumentam
que a Itália não deveria estar
ajudando os EUA a expandir a
base, porque na opinião deles o
governo Bush vem seguindo
uma linha de política externa
imperdoavelmente agressiva.
Força-tarefa
Ao aprovar a expansão da base, Prodi está na verdade colocando em prática uma política
proposta por Silvio Berlusconi,
de centro-direita, seu predecessor no cargo e firme partidário da política externa de Bush.
Mas ministros moderados do
governo advertiram que a Itália
precisa respeitar seus compromissos internacionais. Prodi,
que retirou as tropas italianas
do Iraque, está ávido por demonstrar que continua confiável como aliado.
Vicenza abriga a Força-Tarefa do Sul da Europa, uma unidade do Exército dos Estados
Unidos, desde 1955. A expansão
da base permitiria que ela abrigasse toda a 173ª Brigada Aeroterrestre, uma força de reação
rápida que no momento está
dividida entre Vicenza e duas
bases na Alemanha.
O número de militares norte-americanos estacionados na
base expandida subiria de cerca
de 2.750 para 4.500, e novos
quartéis seriam construídos.
Isso gerou preocupação entre
os moradores locais quanto a
congestionamentos causados
por veículos militares e danos
ambientais, preocupações refletidas em uma pesquisa de
opinião segundo a qual 62%
dos moradores de Vicenza se
opõe a que a base seja ampliada.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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