São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

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Base militar dos EUA divide governo italiano

Prodi aprova ampliação, mas os aliados resistem

TONY BARBER
DO "FINANCIAL TIMES", EM ROMA

Os membros da coalizão governista de centro-esquerda na Itália trocaram acusações de traição e irresponsabilidade, na semana passada, enquanto surgia uma cisão nas fileiras do governo quanto à proposta de expansão de uma base militar americana perto de Veneza.
O premiê Romano Prodi anunciou na terça-feira que planejava permitir a ampliação da base em Vicenza, no nordeste da Itália, mas os comunistas e outros esquerdistas que integram sua coalizão declararam que se oporiam à decisão.
Ainda que pareça improvável que a disputa venha a causar a queda do governo Prodi, é a primeira ocasião desde sua vitória nas urnas, em abril, em que uma questão de política externa resulta em exibição pública de recriminações mútuas entre os integrantes da aliança.
Alfonso Pecoraro Scanio, ministro do Meio Ambiente, chegou a ameaçar uma rebelião contra o plano de Prodi para prolongar o envolvimento militar italiano em operações sob comando da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) contra os insurgentes do Taleban, no Afeganistão.
A Itália contribui com quase 2.000 dos 31 mil soldados da aliança militar estacionados no Afeganistão.
Em Vicenza, onde o prefeito e muitos empresários apóiam a expansão da base, em parte devido ao estímulo que esperam venha propiciar à economia local, centenas de manifestantes saíram às ruas sob faixas em que se lia "vergonha!".
"A decisão profundamente equivocada de Romano Prodi não quer dizer que a questão de Vicenza esteja encerrada no país; ela agora está mais aberta do que nunca", disse Alfio Nicotra, da Refundação Comunista, terceiro maior partido na coalizão governista.
Os parceiros de esquerda na coalizão de Prodi argumentam que a Itália não deveria estar ajudando os EUA a expandir a base, porque na opinião deles o governo Bush vem seguindo uma linha de política externa imperdoavelmente agressiva.

Força-tarefa
Ao aprovar a expansão da base, Prodi está na verdade colocando em prática uma política proposta por Silvio Berlusconi, de centro-direita, seu predecessor no cargo e firme partidário da política externa de Bush.
Mas ministros moderados do governo advertiram que a Itália precisa respeitar seus compromissos internacionais. Prodi, que retirou as tropas italianas do Iraque, está ávido por demonstrar que continua confiável como aliado.
Vicenza abriga a Força-Tarefa do Sul da Europa, uma unidade do Exército dos Estados Unidos, desde 1955. A expansão da base permitiria que ela abrigasse toda a 173ª Brigada Aeroterrestre, uma força de reação rápida que no momento está dividida entre Vicenza e duas bases na Alemanha.
O número de militares norte-americanos estacionados na base expandida subiria de cerca de 2.750 para 4.500, e novos quartéis seriam construídos.
Isso gerou preocupação entre os moradores locais quanto a congestionamentos causados por veículos militares e danos ambientais, preocupações refletidas em uma pesquisa de opinião segundo a qual 62% dos moradores de Vicenza se opõe a que a base seja ampliada.


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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