São Paulo, terça-feira, 22 de janeiro de 2008

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Israel suspenderá por hoje bloqueio a Gaza

Permissão para entrada de combustível e remédios vem após pressão internacional, mas embargo deve ser mantido

Para Tel Aviv, Hamas está exagerando dimensão da crise de desabastecimento; corte de suprimentos foi resposta a ataques de Gaza

DA REDAÇÃO

O governo israelense anunciou que permitirá o envio, hoje, de uma leva de combustível e remédios para a faixa de Gaza. A região, controlada pelo grupo radical islâmico Hamas, teve o fornecimento de combustível israelense cortado por Tel Aviv na última quinta-feira, em retaliação a ataques de foguetes disparados contra Israel.
Como conseqüência do bloqueio, alega o Hamas, o combustível tem de ser desviado de outras atividades para o fornecimento de energia a hospitais e outros serviços de emergência. O governo israelense alega porém que a crise está sendo hiperdimensionada pelo grupo islâmico, vencedor legítimo de eleições parlamentares nos territórios palestinos em 2006.
Segundo relatório de 2007 da ONU, os cerca de 1,5 milhão de habitantes de Gaza utilizam 187 megawatts de energia elétrica, sendo 64% fornecidos por Israel, 9% pelo Egito e os 27% restantes gerados na própria região. São esses 27%, dependentes de combustível de fora, que estão prejudicados. Israel afirma que os 64% que fornece diretamente seguem sendo transferidos.
O resultado palpável do embate israelo-palestino manifestou-se nas enormes filas que os habitantes de Gaza enfrentaram ontem diante das poucas padarias e postos de combustível ainda abertos. Anteontem a única usina termoelétrica da região foi já havia sido fechada.

"Que andem a pé"
O anúncio da suspensão do bloqueio por um dia veio pouco depois de o premiê israelense, Ehud Olmert, declarar que não o suspenderia nos próximos dias. "No meu entender, os moradores de Gaza podem andar a pé, sem gasolina em seus carros, porque eles têm um regime assassino, terrorista", disse o premiê aos colegas de seu partido, o Kadima.
Já depois do anúncio, o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, defendeu mais pressão sobre Gaza. Numa conferência sobre segurança, Barak afirmou que o território palestino deve permanecer sob ataque israelense, para que a população atingida por foguetes do Hamas fique tranqüila. "Eu me importo mais com a nossa tranqüilidade do que com a deles", disse o ministro.
O Conselho de Segurança da ONU informou que fará uma reunião de emergência hoje para discutir a situação de Gaza.
De acordo com a rede de notícias britânica BBC, mais de 200 foguetes disparados de Gaza atingiram Israel desde a terça-feira da semana passada, quando os israelenses iniciaram a mais recente onda de ofensivas à faixa, matando até agora 18 palestinos -há estimativas mais elevadas.
Desde o bloqueio imposto na quinta, o governo israelense tem recebido críticas da ONU e da União Européia -e ontem da Rússia-, que têm alertado para as dimensões da crise gerada no território palestino. As ações de Israel são as mais intensas desde a posse do Hamas.
Os recentes confrontos na faixa de Gaza dão mais argumentos aos que desconfiam de que o acordo de paz israelo-palestino, cuja retomada foi impulsionada pelos EUA em novembro do ano passado, na Conferência de Annapolis, não deve produzir resultados significativos.


Com agências internacionais


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