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Israel completa retirada de Gaza
Diante de denúncias reiteradas, país diz que investigará uso ilegal de munição de fósforo na guerra
Chanceler israelense sofre pressão dos líderes da UE para suspender bloqueio ao território palestino e reabrir fronteiras ao comércio
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ASHKELON (ISRAEL)
O Exército de Israel completou ontem a retirada de suas
tropas da faixa de Gaza, e o governo prometeu que irá investigar o suposto uso ilegal de
bombas incendiárias contra
populações civis durante a
ofensiva de 22 dias contra o
grupo extremista Hamas.
Enquanto seus últimos soldados deixavam o território, Israel ameaçou reagir a novos
ataques com força ainda maior
que a usada nas últimas semanas, quando deixou 1.300 mortos e mais de 4.000 casas destruídas em Gaza.
"A equação é simples", disse
o presidente da Comissão de
Defesa do Parlamento, Tzachi
Hanegbi. "Se os foguetes recomeçarem, responderemos com
tanta força que eles terão saudade do dia em que a aviação
começou a atacar."
Criticado por usar força excessiva e desproporcional, Israel enfrenta ainda acusações
de uso ilegal de armas. Permitido pela lei internacional para
iluminar regiões de combate e
produzir fumaça, o fósforo
branco é considerado ilegal
contra populações civis.
De acordo com o jornal "Haaretz", uma brigada de reservistas disparou 20 ataques com o
armamento contra uma área
urbana no norte de Gaza. O
Exército reagiu repetindo que
Israel só usou armas aceitas pela lei internacional, mas admitiu que uma investigação foi
aberta sobre o assunto.
Organizações humanitárias,
citando testemunhos de moradores de Gaza, já haviam acusado o uso de fósforo branco em
áreas civis, inclusive no ataque
que atingiu a sede da ONU.
"Em resposta às queixas de
organizações não governamentais e da imprensa estrangeira
sobre o uso de fósforo branco e
com o objetivo de remover
qualquer ambiguidade, uma
equipe de investigação foi estabelecida para examinar o assunto", afirmou o Exército.
No direito internacional, as
bombas de fósforo branco são
consideradas ilegais quando
usadas como "armas incendiárias" contra áreas civis. A Convenção sobre Certas Armas
Convencionais (1980), da qual
Israel faz parte, "proíbe em todas as circunstâncias fazer da
população civil objeto de ataques de armas incendiárias".
Mesmo afirmando ter respeitado a lei internacional, Israel não esconde a preocupação
com possíveis processos por
crimes de guerra.
Segundo o site israelense de
notícias Ynet, o governo chegou a considerar o cancelamento da viagem da chanceler Tzipi
Livni ontem à Bélgica, devido a
rumores de que ela poderia sofrer uma ação legal em Bruxelas. Livni acabou mantendo a
viagem à capital belga.
Na diplomacia, porém, a ministra sofreu pressão dos chanceleres da União Europeia para
levantar o bloqueio sobre Gaza
e abrir as passagens de fronteira. Depois de manifestar apoio
inequívoco a Israel logo após o
cessar-fogo, a UE agora considera uma prioridade aliviar a
crise humanitária no território.
Disposto a mostrar que mantém o controle de Gaza, apesar
de quase todos os prédios de
seu governo terem virado ruínas, o Hamas retomou a perseguição a "colaboradores" de Israel. Membros do Fatah, partido secular rival, disseram ser os
alvos. "O serviço de segurança
interna foi instruído a localizar
colaboradores e atingi-los com
força", disse Ehab al Ghsain, do
Ministério do Interior do Hamas. Na guerra, testemunhas
disseram que membros do Fatah foram executados em Gaza.
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