São Paulo, sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

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HAITI EM RUÍNAS

Brasil destina R$ 340 mi para ajudar país caribenho

Famílias dos 18 militares mortos no sismo vão receber indenizações de R$ 500 mil

Presidente Lula participa de cerimônia em homenagem às vítimas de terremoto, a quem concedeu medalha por "mais nobre missão"


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro anunciou ontem que irá editar uma medida provisória liberando R$ 340 milhões para os ministérios da Saúde (R$ 135 mi) e da Defesa (R$ 205 mi) utilizarem em ações humanitárias no Haiti. Um projeto de lei assinado ontem também irá conceder indenizações às famílias dos 18 militares brasileiros mortos no terremoto da semana passada.
Na mesma medida provisória, será oficializada a liberação de outros R$ 35 milhões feita na semana passada ao Ministério das Relações Exteriores como doação ao país. Com isso, a ajuda brasileira totaliza R$ 375 milhões. Esse valor é mais da metade do que o Brasil gastou em seis anos com envio e manutenção das tropas no Haiti.
Um projeto de lei do Executivo, que passará ainda pelo Congresso, garante indenização às famílias dos 18 militares mortos, que totalizará R$ 9 milhões, R$ 500 mil para cada família, mais a concessão de uma bolsa aos filhos dos militares que tenham menos de 24 anos. Ainda não há nenhuma iniciativa para os três civis mortos.
Os R$ 205 milhões da Defesa servirão para manutenção das tropas de brasileiros e realização de operações no Haiti, com compra de combustível, emprego de dois navios, substituição de veículos e armamentos.
Já os recursos para a Saúde servirão para a construção de dez UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e para o fornecimento de 50 ambulâncias.

Homenagem
Na tarde de ontem, a cerimônia de homenagem póstuma aos militares mortos no Haiti ocorreu em clima de comoção na presença de 30 ministros e do presidente Lula.
"Há momentos em que as palavras se tornam frágeis diante da brutalidade dos fatos", disse Lula. Antes de citar nominalmente cada um dos 18 militares, ele os chamou de "bravos soldados do Exército brasileiro", que integraram a "mais nobre missão humanitária já efetivada pelas Forças Armadas".
Ao lado da primeira-dama, Marísa Letícia, Lula colocou uma medalha sobre cada caixão coberto pela bandeira do Brasil e prestou condolências individuais às famílias.
Os militares receberam a Medalha do Pacificador, concedida por atos de bravura e coragem, e foram promovidos.
Lula também homenageou dona Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança; e o diplomata Luiz Carlos da Costa, vice-chefe da missão da ONU no Haiti, vítimas da tragédia.
O presidente não citou Olívia-Elisa Bouille, com nacionalidade franco-brasileira, que também morreu no terremoto.
Os familiares fizeram questão de participar das honras fúnebres organizadas pelo Exército. Diva Vianna, prima do agora tenente-coronel Francisco Adolfo Vianna Martins Filho, conta que a mulher do oficial está preparando um álbum com notícias dele e do Haiti. "Para que a filha saiba que o nosso Chiquinho é um herói." Francisco Adolfo foi o único enterrado em Brasília. Os corpos dos outros militares seguiram para 12 cidades diferentes para os funerais.
Representantes da União Nacional de Esposas de Militares das Forças Armadas reclamaram que não puderam participar da cerimônia e que enfrentam dificuldades para encaminhar cem toneladas de suprimentos ao Haiti.
O Exército afirmou que elas não se cadastraram e também não chegaram com a antecedência necessária para participar da despedida.
(SIMONE IGLESIAS, RENAN RAMALHO, JOHANNA NUBLAT, ADRIANO CEOLIN E FERNANDA ODILLA)


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