São Paulo, sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

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Hillary eleva o tom e cobra chineses em conflito com Google

Americana pede "investigação" e "transparência" sobre acusação da empresa, que ameaça deixar país

DA REDAÇÃO

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, subiu ontem o tom com a China ao cobrar a "investigação" das acusações do Google -que afirma ter detectado ataques virtuais contra o seu serviço de e-mail e ameaça deixar o país- e "transparência" nos seus resultados.
"Pedimos às autoridades chinesas que investiguem as invasões que levaram o Google a fazer o pronunciamento [do dia 12]", disse Hillary em discurso no Newseum, em Washington.
As palavras da chefe da diplomacia americana são as mais fortes desde a eclosão da mais recente disputa entre Pequim e a empresa americana, instalada no país comunista desde 2006.
Há dez dias, o Google disse ter descoberto que hackers chineses haviam acessado contas no Gmail de ativistas de direitos humanos. Embora não tenha acusado Pequim pelo ataque, a empresa insinuou que o país poderia tê-lo reprimido.
O incidente motivou o anúncio do Google de que não pretende mais censurar suas operações na China -condição para a criação do Google.cn- e a ameaça de deixar o país caso Pequim não aceite a decisão.
"Temos [EUA e China] visões diferentes sobre o tema e pretendemos abordá-las aberta e consistentemente no contexto da nossa relação positiva, cooperativa e compreensiva", disse Hillary, que, além da China, citou Tunísia, Uzbequistão, Egito, Irã, Arábia Saudita e Vietnã como exemplos de países que controlam o acesso à internet.
O Departamento de Estado americano disse que em breve apresentará reclamação formal à China sobre o caso, mas procura não agravar atritos com o país em assuntos como direitos humanos -num momento de crescente interdependência bilateral, sobretudo econômica.

"Questão empresarial"
Antes do discurso de Hillary, o vice-chanceler chinês, He Yafei, tentava manter o desentendimento no âmbito de uma disputa empresarial. "O caso Google não deve ser ligado às relações entre os dois governos e países. Do contrário, o estaremos superestimando", disse.
Na semana passada, o governo chinês já rejeitara as condições do Google para não encerrar suas atividades locais, alegando que no país "a internet é aberta" e que a empresa deve sujeitar-se à legislação vigente.
Críticos chineses da empresa americana a acusam ainda de usar o episódio como forma de conter o crescimento do seu similar local, o Baidu.com, que detém 62% do mercado de sites de busca -contra 35% do Google. Sites como Facebook, Twitter e YouTube também concorrem com os similares chineses.

Com agências internacionais



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