São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 2011

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Grampo derruba superassessor de premiê

Andy Coulson, chefe de comunicação do primeiro-ministro britânico, David Cameron, renuncia após escândalo

Ex-diretor de tabloide, ele sofria pressão após ex-subordinados terem sido acusados de grampear celebridades

Ben Stansall/France Presse
Andy Coulson, ex-chefe de comunicação do primeiro-ministro britânico, após ter renunciado ao cargo devido a escândalo

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Um escândalo que se desenrola há cinco anos e envolve um império de mídia, políticos, a realeza e celebridades derrubou o chefe de comunicações do governo britânico.
Andy Coulson, 43, se demitiu ontem e disse não aguentar mais a pressão das denúncias de que tenha promovido esquema de grampos telefônicos no tabloide "News of the World", jornal que editou até 2007.
"Quando um porta-voz precisa de um porta-voz, é hora de sair", disse Coulson.
O primeiro-ministro, David Cameron, lamentou a saída e afirmou que não se arrepende de tê-lo levado para o governo, apesar de críticos dizerem que, no mínimo, foi um erro de julgamento ter se aproximado de um profissional sob suspeição.
A renúncia aumenta a pressão sobre um governo que enfrenta protestos de rua após ter anunciados cortes nos serviços públicos.
A história começa em 2005, quando o "News of the World" publicou reportagem sobre um problema no joelho do príncipe William.
Como o assunto era tratado em segredo, a polícia foi chamada para investigar a possível quebra de sigilo.
As investigações chegaram a um repórter do jornal, que acabou preso em 2007.
Apareceram outros casos de repórteres que se utilizavam de grampos para descobrir segredos de políticos, jogadores de futebol e astros da TV e do cinema.
O esquema, segundo denúncias, era incentivado por Coulson, para que o jornal tivesse histórias exclusivas e vendesse mais.
Ele sempre negou, mas mesmo assim pediu demissão do jornal.
Na sequência, foi trabalhar como diretor de comunicações do Partido Conservador. Quando Cameron se tornou primeiro-ministro, em maio do ano passado, levou-o para o governo.

MURDOCH
Até o início do escândalo, Coulson teve uma carreira bem-sucedida nos jornais do australiano Rupert Murdoch. Dizem que foi ele que aproximou Murdoch de Cameron e dos conservadores.
Os jornais britânicos do australiano apoiavam o Partido Trabalhista, mas mudaram para os conservadores antes das eleições.
Murdoch precisa do apoio do governo para não ter barrada sua intenção de controlar a Sky, maior provedora de TV a cabo do Reino Unido.
A operação é criticada com o argumento de que a produção e distribuição de conteúdo ficariam concentrados.
O escândalo voltou a esquentar no início do mês, quando a Justiça mandou a polícia tornar pública toda a investigação sobre o caso.
A renúncia foi formalizada na quarta, mas só divulgada ontem, dia em que o ex-primeiro-ministro Tony Blair voltou a depor em um inquérito sobre a Guerra do Iraque.
Se houve a intenção de tirar o foco da demissão de Coulson, não deu resultado.


Próximo Texto: Cronologia: Andy Coulson
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.