São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 2011 |
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"Baby Doc" diz sentir tristeza por vítimas No primeiro pronunciamento desde a volta ao Haiti, ex-ditador lamenta pelos que morreram durante seu regime Ele agora deverá ser investigado no país por crimes contra direitos humanos, segundo a Anistia Internacional FLÁVIA MARREIRO DE CARACAS Mais de duas décadas após deixar o poder, o ex-ditador do Haiti Jean-Claude Duvalier, o "Baby Doc", disse ontem que sente uma "profunda tristeza" pelas vítimas de seu regime. A declaração fez parte da primeira manifestação pública de Duvalier, 59, desde que ele voltou de maneira inesperada a Porto Príncipe no domingo passado, após 25 anos de exílio na França. O ex-ditador também lamentou a sorte de seus apoiadores, que, segundo ele, foram "covardemente assassinado, e seus lares e bens, saqueados" após sua derrocada, em 1986. Duvalier disse que sua saída do país foi "voluntária" (na realidade, ele teve de fugir do Haiti após a queda de seu regime). O ex-ditador falou em francês -e não em creole, única língua da maioria dos haitianos- e não aceitou responder a perguntas. Disse que a o devastador terremoto do ano passado foi o que lhe motivou a voltar ao país. Emendou um discurso conciliador: que "os sinos da reconciliação soem em cada coração" para o "renascimento do Haiti". O retorno de "Baby Doc " agregou mais um elemento à crise política haitiana, com a indefinição das eleições presidenciais. O ex-ditador, ao contrário de seus colaboradores durante a semana, não fez menção explícita de voltar à política, embora tenha agradecido aos seus simpatizantes. Ontem, a Anistia Internacional disse ter conseguido do governo e do Ministério Público haitianos o compromisso de que o país investigará violações de direitos humanos cometidas na ditadura dele . O representante da Anistia no Haiti, Gerardo Ducos, fez o anúncio após se reunir com o procurador haitiano Aristidas Auguste e com o ministro da Justiça, Paul Denis. Na terça, Duvalier foi interrogado e indiciado por corrupção e desvio de recursos. CRISE POLÍTICA Os EUA cancelaram vistos de um "número indeterminado" de funcionários do governo haitiano ontem, em mais uma medida para pressionar o presidente René Préval a realizar o segundo turno das eleições presidenciais sem o candidato governista. O cancelamento dos vistos acontece um dia depois de os EUA subirem o tom contra o governo Préval e "urgirem" as autoridades eleitorais a "implementar" recomendações da OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre as eleições. A ONU e a França também aumentaram a pressão pública sobre Préval. Já o Brasil, que comanda militarmente a missão das Nações Unidas no Haiti, tem feito declarações mais suaves e insiste que manterá a diretriz de "integral solidariedade com a decisão soberana do povo haitiano". Texto Anterior: Foco: Vida de Assange deve virar suspense em Hollywood Próximo Texto: Papa critica escândalo sexual de Berlusconi Índice | Comunicar Erros |
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