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Expansão acelerada da doença surpreende
HARI KUMAR
ELISABETH ROSENTHAL
DO "NEW YORK TIMES", EM NOVA DÉLI
As primeiras notícias de surgimento de casos da gripe aviária
nos últimos dias em países muito
distantes um do outro -Índia,
Egito e França- destacaram a
maneira como a doença vem se
disseminando cada vez mais rapidamente por novos territórios.
Há cerca de meio ano, desde
que concluíram que a doença pode ser transmitida por aves migratórias, especialistas internacionais em saúde vêm prevendo a
disseminação ampla da gripe
aviária. Mas a recente aceleração
desse processo está deixando perplexos muitos especialistas que
viram o vírus A(H5N1) ficar contido em sua região de origem, a
Ásia, durante quase cinco anos.
Foram alarmantes os dois episódios muito separados de gripe
aviária constatados na Índia, um
dos quais provocou a morte de 50
mil aves domésticas nos últimos
dias. Autoridades indianas anunciaram no domingo que o governo, alerta para o vírus havia muito
tempo porque o país faz parte de
muitas rotas migratórias, iniciou
o abate de meio milhão de aves,
na esperança de conter os surtos.
Mas a informação que está provocando mais perplexidade envolve o pato selvagem encontrado
morto perto de Lyon, na França
-porque as aves migratórias da
Ásia que carregam o vírus não
costumam passar por essa região
nesta época do ano.
"Por que o vírus está se deslocando tão rapidamente agora, depois de passar vários anos em um
só lugar?", indagou Samuel Jutzi,
diretor da Divisão de Produção e
Saúde Animal da Organização para Agricultura e Alimentação
(FAO), da ONU, em Roma.
Jutzi disse que o pato morto na
França é "muito estranho, muito
difícil de explicar". Mas ele acrescentou: "O que se sabe é que a largura das rotas de vôo das aves é
muito grande, e pode ter havido
um bando que se aventurou mais
a oeste do que o normal".
Na Europa ocidental a doença
até agora se limita a aves silvestres, e as autoridades em todo o
continente vêm tomando medidas rígidas para proteger as aves
domésticas. Muitos países estão
exigindo que as aves de criação sejam confinadas, para impedir que
se misturem com aves silvestres.
A Alemanha se prepara para
abater pelo menos parte das 400
mil aves domésticas da ilha Rügen, onde foram encontrados dezenas de casos, para assegurar que
o vírus não seja transmitido às
aves de criação.
Na Índia, porém, a doença já está presente nas aves domésticas, o
que suscita questões mais complicadas e levanta a possibilidade de
surgirem contaminações humanas. Embora o vírus temido não
seja facilmente transmitido para
humanos nem entre eles, mais de
160 pessoas em todo o mundo já
contraíram a doença, todas pessoas que tinham tido contato estreito com aves doentes.
Os especialistas temem que o
A(H5N1) adquira a capacidade de
se transmitir de humanos para
humanos por processos naturais,
desencadeando uma pandemia
mundial de gripe.
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