São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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Expansão acelerada da doença surpreende

HARI KUMAR
ELISABETH ROSENTHAL
DO "NEW YORK TIMES", EM NOVA DÉLI

As primeiras notícias de surgimento de casos da gripe aviária nos últimos dias em países muito distantes um do outro -Índia, Egito e França- destacaram a maneira como a doença vem se disseminando cada vez mais rapidamente por novos territórios.
Há cerca de meio ano, desde que concluíram que a doença pode ser transmitida por aves migratórias, especialistas internacionais em saúde vêm prevendo a disseminação ampla da gripe aviária. Mas a recente aceleração desse processo está deixando perplexos muitos especialistas que viram o vírus A(H5N1) ficar contido em sua região de origem, a Ásia, durante quase cinco anos.
Foram alarmantes os dois episódios muito separados de gripe aviária constatados na Índia, um dos quais provocou a morte de 50 mil aves domésticas nos últimos dias. Autoridades indianas anunciaram no domingo que o governo, alerta para o vírus havia muito tempo porque o país faz parte de muitas rotas migratórias, iniciou o abate de meio milhão de aves, na esperança de conter os surtos.
Mas a informação que está provocando mais perplexidade envolve o pato selvagem encontrado morto perto de Lyon, na França -porque as aves migratórias da Ásia que carregam o vírus não costumam passar por essa região nesta época do ano.
"Por que o vírus está se deslocando tão rapidamente agora, depois de passar vários anos em um só lugar?", indagou Samuel Jutzi, diretor da Divisão de Produção e Saúde Animal da Organização para Agricultura e Alimentação (FAO), da ONU, em Roma.
Jutzi disse que o pato morto na França é "muito estranho, muito difícil de explicar". Mas ele acrescentou: "O que se sabe é que a largura das rotas de vôo das aves é muito grande, e pode ter havido um bando que se aventurou mais a oeste do que o normal".
Na Europa ocidental a doença até agora se limita a aves silvestres, e as autoridades em todo o continente vêm tomando medidas rígidas para proteger as aves domésticas. Muitos países estão exigindo que as aves de criação sejam confinadas, para impedir que se misturem com aves silvestres.
A Alemanha se prepara para abater pelo menos parte das 400 mil aves domésticas da ilha Rügen, onde foram encontrados dezenas de casos, para assegurar que o vírus não seja transmitido às aves de criação.
Na Índia, porém, a doença já está presente nas aves domésticas, o que suscita questões mais complicadas e levanta a possibilidade de surgirem contaminações humanas. Embora o vírus temido não seja facilmente transmitido para humanos nem entre eles, mais de 160 pessoas em todo o mundo já contraíram a doença, todas pessoas que tinham tido contato estreito com aves doentes.
Os especialistas temem que o A(H5N1) adquira a capacidade de se transmitir de humanos para humanos por processos naturais, desencadeando uma pandemia mundial de gripe.


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