São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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RELIGIÃO

Ato contra charges matou 11

Oposição a Gaddafi aproveitou protestos

DA ASSOCIATED PRESS

Relatos de testemunhas confirmaram declaração do enviado italiano à Líbia de que os confrontos violentos contra as charges do profeta Muhammad que mataram 11 pessoas em Benghazi na semana passada tenham sido produto da ação conjunta de grupos islâmicos radicais e de oposição ao governo líbio.
Em entrevista ao diário italiano "La Stampa", publicada ontem, o embaixador Fancesco Trupiano disse que grupos de oposição ao regime do ditador Muammar Gaddafi haviam se aliado aos extremistas muçulmanos nas manifestações.
"Benghazi ainda está fora de controle. Lá, o radicalismo islâmico juntou forças com a oposição. A situação pode piorar a qualquer minuto", afirmou Trupiano.
Durante o protesto, o consulado italiano na cidade foi incendiado. Na época, os protestos foram atribuídos à aparição de um ministro italiano vestindo uma camiseta com uma das charges sobre o profeta, na TV italiana. Em seguida, o ministro renunciou.
Pedindo anonimato, testemunhas líbias afirmaram que a fúria contra as charges se somou à raiva generalizada contra a negligência do governo em relação aos habitantes de Benghazi.
Gaddafi governa a Líbia com mão-de-ferro, e as forças de segurança adotam medidas duras para conter informações desfavoráveis ao regime.
Segundo esses relatos, oposicionistas atacaram a sede do serviço de segurança estatal e outros prédios governamentais e delegacias de polícia na cidade. Uma igreja católica foi incendiada. As mortes registradas, por sua vez, foram o combustível para novos atos de violência no fim de semana.
"As delegacias foram cercadas por uma multidão enraivecida, que exigia a libertação dos detentos", disse Trupiano, que descreveu uma cena de "desordem, pilhagem e ataques contra prédios públicos". "A polícia desistiu, libertando os prisioneiros", acrescentou.


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