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Reunião de chanceleres na Argentina é palanque para críticas de árabes
Queixas sobre Israel e a ocupação de territórios palestinos predominam em encontro
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES
A reunião tratada no jargão
diplomático como Aspa (países
da América do Sul/países árabes) terminou em Buenos Aires
como o perfeito palanque para
as críticas usuais do lado árabe
em relação a Israel e à ocupação
dos territórios palestinos.
A demonstração mais clara
do palanque surgiu quando a
Folha quis saber a que países se
referia a declaração final em
que os participantes "reafirmam seu repúdio à ocupação
estrangeira ilegal", sem no entanto especificar se se trata só
de Israel ou também dos EUA e
da ocupação do Iraque.
A frase em si é oca, na medida
em que ninguém em seu juízo
perfeito pode ser a favor de
ocupações ilegais.
O príncipe Saud Al Faisal,
chanceler da Arábia Saudita,
apressou-se a distinguir as ocupações. "Há uma ocupação com
colônias [óbvia referência a Israel], que toma novos territórios e força a população [árabe]
a deixá-los, o que é diferente da
ocupação americana."
Diferente também é a reivindicação dos países árabes, endossada pelos seus pares sul-americanos, segundo a nota do
encontro: pede "a retirada de
Israel de todos os territórios
árabes ocupados até as fronteiras existentes a 4 de junho de
1967 [início da Guerra dos Seis
Dias contra os árabes, vencida
por Israel]".
Já no caso do Iraque, "há um
governo votado pelo povo, e é
ele que tem que decidir [sobre a
ocupação norte-americana]",
disse o chanceler saudita.
O documento condena "o
terrorismo em todas as suas
formas e manifestações", em
outra platitude, mas temperada pelo "repúdio a qualquer
vinculação entre terrorismo e
um povo ou religião, grupo étnico ou cultura específicos".
Óbvio rechaço à menção a "terrorismo islâmico" no Ocidente.
O chanceler brasileiro, Celso
Amorim, afirmou que "aspectos conflitivos" acabam predominando no noticiário, mas pede que se dê atenção também à
agenda positiva, citando o fato
de as exportações do Brasil para os países árabes terem quase
triplicado em três anos.
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