São Paulo, sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

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Reunião de chanceleres na Argentina é palanque para críticas de árabes

Queixas sobre Israel e a ocupação de territórios palestinos predominam em encontro

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

A reunião tratada no jargão diplomático como Aspa (países da América do Sul/países árabes) terminou em Buenos Aires como o perfeito palanque para as críticas usuais do lado árabe em relação a Israel e à ocupação dos territórios palestinos.
A demonstração mais clara do palanque surgiu quando a Folha quis saber a que países se referia a declaração final em que os participantes "reafirmam seu repúdio à ocupação estrangeira ilegal", sem no entanto especificar se se trata só de Israel ou também dos EUA e da ocupação do Iraque.
A frase em si é oca, na medida em que ninguém em seu juízo perfeito pode ser a favor de ocupações ilegais.
O príncipe Saud Al Faisal, chanceler da Arábia Saudita, apressou-se a distinguir as ocupações. "Há uma ocupação com colônias [óbvia referência a Israel], que toma novos territórios e força a população [árabe] a deixá-los, o que é diferente da ocupação americana."
Diferente também é a reivindicação dos países árabes, endossada pelos seus pares sul-americanos, segundo a nota do encontro: pede "a retirada de Israel de todos os territórios árabes ocupados até as fronteiras existentes a 4 de junho de 1967 [início da Guerra dos Seis Dias contra os árabes, vencida por Israel]".
Já no caso do Iraque, "há um governo votado pelo povo, e é ele que tem que decidir [sobre a ocupação norte-americana]", disse o chanceler saudita.
O documento condena "o terrorismo em todas as suas formas e manifestações", em outra platitude, mas temperada pelo "repúdio a qualquer vinculação entre terrorismo e um povo ou religião, grupo étnico ou cultura específicos". Óbvio rechaço à menção a "terrorismo islâmico" no Ocidente.
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, afirmou que "aspectos conflitivos" acabam predominando no noticiário, mas pede que se dê atenção também à agenda positiva, citando o fato de as exportações do Brasil para os países árabes terem quase triplicado em três anos.


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