São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 |
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DEPOIMENTO Controle social ficou evidente durante visita CAROLINA VILA-NOVA DE SÃO PAULO Em setembro de 2007, recebi convite para a inauguração de um projeto de desenvolvimento autossustentável na região mediterrânea de Cirene, próximo a Benghazi, um dos maiores focos dos protestos atuais na Líbia. Éramos cerca de 300 convidados, entre jornalistas ocidentais e especialistas, trazidos em voos fretados de Londres. O projeto era uma idealização de Saif al Islam Gaddafi, filho do ditador líbio, e fazia parte do esforço de reabilitação internacional do país. Como Al Islam disse à Folha então, "é hora de nos juntarmos aos países desenvolvidos e mostrarmos que somos civilizados". Em Cirene, havia pouco além das ruínas que a tornam um importante sítio arqueológico líbio. Fomos alojados numa área cercada, próxima às ruínas, em tendas semelhantes às usadas por Muammar Gaddafi em seus deslocamentos. Dentro, tapetes, almofadas, uma cama e uma lâmpada. Fora, banheiros químicos com chuveiros coletivos e mistos. Na área cercada, circulavam policiais armados à paisana. Os que tentamos fugir do script e da zona restrita fomos "convidados" a retornar. Qualquer traslado só podia ser feito com motoristas oficiais e para lugares pré-determinados -"para nossa segurança". Nas ruas, nenhuma mulher, poucos homens, a maioria com jeito de que estava à toa. Os garçons que nos serviram jantares opulentos nos diziam que as ruas haviam sido limpas e os meios-fios, pintados, especialmente para a vinda de Al Islam. Onipresentes eram os cartazes com homenagens ao ditador, que na época comemorava 38 anos no poder. Texto Anterior: Regime de Gaddafi dá sinais de implosão Próximo Texto: Oposição à ditadura líbia é incipiente e fragmentada Índice | Comunicar Erros |
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