São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

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ONDA DE REVOLTAS

Preço do barril de petróleo bate US$ 105

Revolta na Líbia e temor de que onda alcance Arábia Saudita provocam alta principalmente no valor do Brent

Especialista diz que mercado está "ansioso" com próximos capítulos da onda de tensão em países do Oriente Médio

PABLO GORONDIA
DA ASSOCIATED PRESS

Os preços do barril de petróleo tiveram alta de mais de US$ 4 ontem, em meio a receios dos investidores de que os protestos na Líbia possam prejudicar o fornecimento de óleo cru do país, membro da Opep, e afetar outros países produtores da região.
No final da tarde na Europa, o preço de referência do cru para entrega em março tinha subido US$ 4,03, para US$ 90,23 o barril, nas negociações eletrônicas na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex). O contrato tinha caído US$ 0,16, firmando-se em US$ 86,20 na sexta-feira.
Em Londres, o barril Brent para entrega em abril subiu US$ 3,22, para US$ 105,74 na bolsa de futuros ICE.
Os mercados americanos, incluindo as negociações na Nymex, estavam fechados ontem em razão do feriado do Dia dos Presidentes, e os baixos volumes negociados possivelmente ampliaram as flutuações nos preços.
O spread entre os contratos Nymex e Brent diminuiu ligeiramente, mas ainda está muito acima dos níveis normais de alguns dólares por barril. O Brent é visto como mais sensível a perturbações no Oriente Médio, enquanto os estoques de cru dos EUA são uma das razões das cotações mais baixas no Nymex.
No domingo, Seif al Islam Gaddafi, filho de Muammar Gaddafi, avisou os manifestantes que eles correm o risco de desencadear uma guerra na qual a riqueza petrolífera da Líbia "será queimada".
A Líbia é um dos maiores produtores de petróleo do mundo e possui as maiores reservas petrolíferas comprovadas em toda a África. O país produz cerca de 1,6 milhão de barris de cru por dia e exporta 1,1 milhão.
Empresas petrolíferas como a BP, sediada no Reino Unido, e a alemã Wintershall anunciaram a suspensão temporária de suas operações na Líbia, mas a italiana Eni disse que sua produção prossegue. Algumas das empresas começaram a retirar seus funcionários estrangeiros que estão na Líbia.
"Em comparação com a Tunísia [pequena exportadora de cru] ou o Egito [que não exporta óleo, mas é um país de trânsito de exportações], a instabilidade na Líbia é motivo de preocupação importante para a indústria petrolífera", disseram analistas da JBC Energy, em Viena.
Os negociantes de petróleo também estão observando de perto os protestos recentes no Irã, segundo maior país exportador de cru da Organização de Países Exportadores de Petróleo, atrás apenas da Arábia Saudita.
"Os receios do mercado não se limitam à Líbia", disse Victor Shum, analista energético da Purvin & Gertz, em Cingapura. "É pouco provável que ocorram perturbações importantes no fornecimento de petróleo do Oriente Médio ou norte da África, mas a expansão dos distúrbios provoca ansiedades."
Especialistas também mencionaram a possibilidade de a turbulência política chegar à Arábia Saudita como possível ameaça ao fornecimento de óleo e fator de alta dos preços do óleo. O país possui as maiores reservas mundiais comprovadas de óleo cru convencional.


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