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IRAQUE SOB TUTELA
Líder supremo do Irã aceita debater Iraque com os EUA; sargento é condenado por maus-tratos em Abu Ghraib
Bush diz que retirada caberá a sucessor
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, disse ontem que as tropas americanas podem permanecer no Iraque depois do fim de seu
mandato, em janeiro de 2009,
mas voltou a dizer que o país não
atravessa uma guerra civil.
A Casa Branca tem resistido a
estabelecer um prazo para a retirada. Funcionários do governo
têm excluído a possibilidade de
que isso comece logo, e muitos
dos aliados republicanos de Bush
estão ansiosos para que haja progressos antes das eleições parlamentares de novembro.
Apesar dos alertas de líderes iraquianos e da própria diplomacia
americana sobre o risco iminente
de guerra civil, os mais de 130 mil
militares americanos são vistos
por muitos como imprescindíveis
para conter a violência.
Questionado sobre quando as
tropas americanas deixarão o Iraque, Bush afirmou, em entrevista
coletiva na Casa Branca: "Isso será decidido pelos futuros presidentes [dos EUA] e pelos futuros
governos do Iraque".
Enquanto Bush responde aos
questionamentos dos americanos
três anos depois da invasão, os
iraquianos reclamam das supostas matanças de civis cometidas
por tropas dos EUA.
Já as forças iraquianas treinadas
pelos EUA para que assumam a
maior parte das operações de segurança sofreram mais um duro
golpe ontem, quando insurgentes
mataram ao menos 22 pessoas
-na maioria, policiais- e soltaram 30 prisioneiros de uma delegacia. A ação foi realizada por cerca de cem insurgentes em Moqdadiya, nordeste de Bagdá. Dez
deles teriam sido mortos, segundo fontes iraquianas.
Também ontem, um soldado
americano foi morto a tiros em
Bagdá, elevando o número de baixas dos EUA para 2.319.
Sem guerra civil
Bush rejeitou os comentários do
ex-premiê iraquiano Iyad Allawi
de que o país já vive uma guerra
civil, ao afirmar que é bom sinal
que um ataque, realizado um mês
atrás contra uma importante
mesquita xiita em Samarra, tenha
falhado em desencadear um conflito total: "Da forma como eu vejo, os iraquianos avaliaram e decidiram não ceder à guerra civil".
Em Bagdá, uma delegação de
senadores americanos expressou
a impaciência americana com o
fracasso dos líderes iraquianos
em formar um governo três meses após as eleições.
O líder supremo do Irã, aiatolá
Ali Khamenei, disse ontem, pela
primeira vez, que aprova a realização de consultas entre representantes de seu país e americanos sobre o Iraque, mas advertiu
que os EUA não devem tentar "intimidar" o Irã. EUA e Irã não têm
laços diplomáticos desde 1979.
Ontem, o presidente americano
disse que é favor do diálogo, no
qual os EUA mostrariam ao Irã "o
que é certo ou errado em suas atividades dentro do Iraque".
Khamenei disse que, "se os representantes do Irã puderem fazer com que os EUA entendam alguns temas sobre o Iraque, não há
problema com as negociações.
Mas, se a conversa significa abrir
uma oportunidade para intimidação ou imposição pela parte desonesta, então será proibida."
Condenação
O sargento americano Michael
Smith, 24, foi condenado ontem
por ter cometido maus-tratos
contra prisioneiros iraquianos na
prisão de Abu Ghraib, em Bagdá.
Até o fechamento desta edição, a
sentença não havia sido pronunciada -ele pode pegar até oito
anos e nove meses de prisão.
Smith foi acusado de usar seu
cachorro para molestar e ameaçar
prisioneiros para que urinassem
ou defecassem neles mesmos, entre 2003 e 2004.
Fotos perturbadoras de presos
sendo intimidados ou humilhados por cachorros foram tornadas públicas em 2004, minando os
esforços de Washington para
conseguir apoio à guerra. Várias
dessas fotos foram usadas como
evidência contra Smith.
Com agências internacionais
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