|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Antes de visita, Netanyahu desafia EUA
Em meio a divergência em torno de assentamentos, premiê compara construções em Jerusalém Oriental às de Tel Aviv
Na véspera de viagem a EUA, israelense afirma que sua posição sobre construções na cidade, reivindicada por palestinos, está "muito clara"
DA REDAÇÃO
O premiê de Israel, Binyamin
Netanyahu, disse ontem que, a
despeito de toda a pressão imposta por seu principal aliado,
os Estados Unidos, não vai interromper as construções em
Jerusalém Oriental. Horas antes de embarcar rumo a Washington para um encontro com
Barack Obama, Netanyahu disse, em discurso aos ministros,
que "a posição de Israel está
muito clara" e "ficará clara na
viagem à capital americana".
"Nossa política sobre Jerusalém é a mesma seguida por todos os governos israelenses há
42 anos. Para nós, construir em
Jerusalém é o mesmo que fazê-lo em Tel Aviv", disse, antes de
acrescentar que escreveu uma
carta à secretária de Estado Hillary Clinton, deixando clara
sua posição.
A divergência entre Israel e
os EUA em relação às construções israelenses em regiões palestinas ocupadas na Guerra
dos Seis Dias (1967) veio à tona
no dia 9, quando Israel anunciou, no meio de uma visita do
vice de Obama, Joe Biden, que
construiria mais 1.600 imóveis
em Jerusalém Oriental.
O anúncio causou constrangimento a Biden e abalou a disposição palestina de retomar a
negociação de paz -parada há
15 meses- por vias indiretas.
Hillary chegou a dizer que o
anúncio foi um "insulto".
Os palestinos têm o fim das
construções israelenses na Jerusalém Oriental como requisito para o diálogo porque reivindicam a cidade como capital de
seu futuro Estado. Para eles e
para boa parte da comunidade
internacional, o avanço urbano
israelense é ilegal e impõe um
obstáculo para a paz.
Desde o conturbado anúncio,
Netanyahu conversou com Hillary por telefone, diminuindo
a tensão. Ontem, ele se encontrou com o enviado de Obama
para o Oriente Médio, George
Mitchell. Em Washington, ele
se reúne hoje com o grupo pró-Israel Aipac (Comitê Americano de Assuntos Públicos de Israel) e, segundo um assessor,
na terça-feira, com Obama.
Em Washington, como meio
de compensar a rusga na questão dos assentamentos, Netanyahu indica que cederá na preferência por um diálogo direto
com os palestinos e aceitará a
mediação de Mitchell no debate de questões do conflito consideradas centrais, como fronteiras e refugiados, além do futuro de Jerusalém.
Nabil Abu Rdainah, assessor
de Mahmoud Abbas, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), disse ontem que
a comparação de Netanyahu
entre Jerusalém Oriental a Tel
Aviv "não contribui para a retomada das negociações" e acusou o governo israelense de minar os esforços de paz dos EUA
e do chamado Quarteto (que inclui, além dos EUA, a Rússia, a
ONU e a União Europeia).
Hoje, Mitchell irá se encontrar com Abbas, na Jordânia.
Para o assessor de Abbas, a
escalada de violência na Cisjordânia "e o assassinato diário de
palestinos são a mensagem do
governo de Israel aos árabes e
aos esforços americanos".
Em 24 horas, quatro palestinos foram mortos por militares
de Israel na Cisjordânia. No sábado, soldados atiraram contra
dois irmãos adolescentes num
protesto contra obras israelenses. Um morreu na hora e outro
morreu ontem. Outros dois palestinos foram mortos quando,
segundo o Exército israelense,
tentavam atacar soldados. Autoridades palestinas, no entanto, afirmaram que eles tinham
sido presos antes.
O diretor-executivo do Instituto Washington das Políticas
do Oriente Médio, Robert Satloff, disse ontem que a crise
dos aliados é "séria" e "real".
"Quando [a crise] se resolver
-e acho que está em via disso-
, deixará feridas de ambos os lados, inclusive, creio, nos mais
altos níveis", afirmou.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Milhares fazem protesto por reforma migratória nos EUA Próximo Texto: Visita: Em Gaza, secretário-geral da ONU pede fim de bloqueio israelense Índice
|