São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2010

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Coalizão de Sarkozy sofre derrota nas urnas

Após segundo turno de eleições regionais, aliados do presidente da França comandarão apenas 2 das 26 regiões do país

Partido Socialista é o maior vencedor em disputa, mas ultradireita também cresce; resultado é visto como fruto de insatisfação com governo

CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

O partido do presidente da França, Nicolas Sarkozy, sofreu ontem uma dura derrota no segundo e decisivo turno das eleições regionais francesas. A coligação de centro-direita liderada pelo UMP obteve pouco mais de um terço dos votos e controlará apenas 2 das 26 regiões do país.
A esquerda consolidou a vitória que obtivera no primeiro turno e conquistou a maioria das regiões francesas, segundo as projeções divulgadas após o encerramento da votação.
De acordo com as estimativas, a coligação da esquerda -que reúne, entre outros, o Partido Socialista e o Europe Ecologie- obteve, na média nacional, 49% dos votos. Já a coligação liderada pelo UMP reuniu 33,5%. Nas 12 regiões onde o Frente Nacional, de extrema direita, disputou o segundo turno, o partido ficou com 17,5% dos votos.
Para Martine Aubry, líder do Partido Socialista, a vitória da oposição mostra que os franceses desejam "uma mudança profunda na política ". Em um discurso logo após o encerramento da votação, Aubry declarou que "os franceses puniram uma política injusta [do governo Sarkozy] e demonstraram suas preocupações com a educação e com a saúde".
O presidente do Frente Nacional, Jean Marie le Pen, comemorou o resultado do partido que conseguiu participar do segundo turno em um terço das regiões francesas -as siglas que obtiveram mais de 10% no primeiro turno, na semana passada, se qualificaram para a disputa. "A única vitória hoje é a vitória do Frente Nacional."
"O resultado do Frente Nacional e da esquerda mostra que os franceses, à direita e à esquerda, não têm se sentido compreendidos pelo governo ", avaliou Brice Teinturier, do instituto TNS/ Sofres.

Mea-culpa
Mesmo sem empregar o termo "voto punitivo", o primeiro-ministro francês, François Fillon, fez um mea-culpa. "Não soubemos convencer. Essa é uma grande decepção. Assumo minha parte de responsabilidade [na derrota]", declarou.
O premiê tem um encontro hoje pela manhã com Sarkozy para discutir o resultado das eleições e, possivelmente, preparar mudanças no gabinete.
O resultado de ontem mantém o mesmo desenho político das últimas eleições regionais de 2004, com duas regiões sob o controle do UMP. Mas, segundo os analistas, a dois anos das eleições presidenciais, o Partido Socialista sai fortalecido, especialmente por causa da aliança bem-sucedida com o partido Europe Ecologie, que se consolidou como a terceira força política da França.
Apesar de considerada baixa, a participação do eleitorado ontem foi quatro pontos percentuais superior à do primeiro turno. Segundo a média dos institutos de sondagem, 49% dos eleitores foram às urnas e a abstenção foi mais alta entre o eleitorado de direita.


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