São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2011

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Físico utiliza Twitter para explicar acidente nuclear

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

Insatisfeitos com as informações dadas pelo governo japonês, pela empresa Tepco, operadora da usina Fukushima 1, e pela imprensa, dezenas de milhares de japoneses recorrem ao Twitter para entender a crise nuclear.
No centro desse fenômeno está Ryugo Hayano, chefe do departamento de física da Universidade de Tóquio.
Desde que começou a usar o microblog para explicar o acidente nuclear, logo após o terremoto, seu número de seguidores no @hayano (quase todo em japonês) saltou de cerca de 2.500 para pouco mais de 150 mil até ontem.
Com a ajuda de uma rede de colaboradores que inclui principalmente alunos, Hayano, 59, produz gráficos a partir de informações oficiais, como níveis de radiação no ar de Tóquio, e compara a crise japonesa com situações semelhantes.
Hayano dificilmente comenta os dados estatísticos que publica. Dois dias após o tremor, por exemplo, limitou-se a escrever que, quando houve o acidente da usina americana de Three Mile Island, em 1979, a exposição média à radioatividade a 80 km do local representava menos de 1% da média que uma pessoa recebe por ano.
Ontem, dia chuvoso em Tóquio, Hayano publicou dados que mostram que o nível de radiação sempre sobe um pouco em dias de precipitação, mesmo antes do acidente. Mas não recomendou que as pessoas saíssem de casa.
A atuação de Hayano, que divide seu tempo entre Tóquio e o Cern (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), na Suíça, tem ajudado a reduzir a ansiedade dos japoneses, que pela primeira vez lidam com uma crise desse tipo. Tanto que o governo japonês lhe pediu que atendesse a jornalistas estrangeiros, mas ele se recusou.
O sucesso do físico inspirou outros acadêmicos. Seu colega Keiichi Nakagawa, do departamento de radiologia do hospital da Universidade de Tóquio, criou uma conta no Twitter para analisar os riscos à saúde. Em poucos dias, o @team- nakagawa atraiu 195 mil seguidores.
Parte da mídia tem sido criticada no Japão por supostamente exagerar na ameaça representada pelo acidente. A revista "AERA", por exemplo, desculpou-se pela capa desta semana, que traz uma foto de um homem com máscara sob o título "A radioatividade está chegando".


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