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Destituição foi precedida de ações
inusitadas no Congresso do país
BRUNO FIUZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM QUITO
A destituição do presidente Lucio Gutiérrez pelo Congresso
equatoriano na quarta-feira, dia
20, foi precedida por ações inusitadas por parte dos deputados da
oposição.
Pela manhã, diante da inversão
da pauta que tirou a prioridade da
votação da reforma do poder judiciário promovida pelo presidente da casa, deputado Omar
Quintana do Partido Roldosista
Equatoriano, por volta das 11h os
45 deputados que formam o bloco de oposição ao governo, em
uma iniciativa inesperada, anunciaram que estavam se retirando
do recinto e dirigiam-se ao prédio
do Ciespal para continuar a seção.
Até então os parlamentares estavam na sede do Banco Central do
Equador, onde se reúne o Congresso desde que sua sede original
foi alvo de um incêndio no final
do ano passado.
Ao chegarem ao Ciespal a primeira atitude dos deputados foi
votar a destituição do presidente
Omar Quintana sob a acusação de
que o presidente estaria gerando
o caos no Congresso, e nomear a
deputada Cynthia Viteri do Partido Social Cristão para presidir a
sessão. O deputado Salvador
Quispe, do partido indígena Pachakutik, afirma que a decisão foi
o resultado de um longo histórico
de dificuldades entre a oposição e
Quintana, a quem acusa de insistentemente ter imposto a pauta
sem consultar os demais legisladores. Quispe afirma ainda que
essa era uma estratégia deliberada
articulada entre Quintana e o governo para gerar o caos na casa e
assim sujar sua imagem, justificando uma eventual dissolução.
Após a destituição de Quintana,
os deputados reunidos no Ciespal
passaram a trabalhar na destituição do próprio presidente Gutiérrez. Além dos 45 deputados de
oposição, outros 17 juntaram-se
ao grupo que foi ao Ciespal. Os 62
deputados então passaram a discutir a moção apresentada pelo
deputado Ramiro Rivera, da Democracia Popular, que pedia a
destituição do presidente por
abandono do cargo e violação da
Constituição por interferir em outros poderes do Estado, baseado
no artigo 167 da Constituição. Como o consenso já estava formado,
a moção foi aprovada com 60 votos a favor por volta das 13h.
Quispe diz que a ação dos deputados foi uma tentativa de responder à demanda do povo nas ruas,
que exigia uma solução à crise política. Quando deixaram o Banco
Central já havia dois mortos nos
protestos. Segundo ele, a pressão
popular foi a razão pela qual governistas se uniram à oposição.
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