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O NOVO PAPA
Cardeal liberal saiu na frente no conclave
Italiano Martini foi o mais votado na 1ª rodada, mas Ratzinger conquistou ampla maioria; curiosidades começam a vazar
DA REDAÇÃO
As informações sobre o que
ocorreu na capela Sistina durante
o misterioso conclave que elegeu
como papa o cardeal alemão Joseph Ratzinger começaram a vazar ontem. O conservador venceu
com ampla maioria, mas na primeira votação não foi o favorito.
Ratzinger, que foi eleito em apenas quatro escrutínios, não foi o
cardeal que mais obteve votos na
primeira votação, na segunda-feira à tarde. Na ocasião, foi superado pelo italiano progressista Carlo
Maria Martini, que recebeu cerca
de 40 votos. Martini, aos 78 anos e
com mal de Parkinson, dificilmente venceria, mas os oponentes de Ratzinger, liderados pelos
cardeais alemães Karl Lehmann e
Walter Kasper, não conseguiram
mobilizar apoio a um outro moderado. Na manhã seguinte, porém, os indecisos começaram a
votar no alemão.
Alguns jornais levantaram a hipótese, não comprovada, de que
tenha havido um pacto em torno
do nome de Ratzinger, proposto
pelo próprio Martini a fim de tentar evitar boatos sobre uma igreja
dividida.
De acordo com os cardeais, Ratzinger obteve entre 95 e 107 votos,
de um total de 115 -para ser eleito, bastavam 77. O vaticanista do
jornal italiano "Il Messaggero",
Orazio Petroselli, afirmou que
"apenas sete votos não eram para
ele". Alguns periódicos italianos
afirmaram ontem que que o alemão obteve a maioria necessária
ainda na manhã de terça-feira,
mas teria pedido uma nova votação, que ocorreu na terça-feira à
tarde, para confirmar a escolha.
Quando Ratzinger foi eleito, todos na capela aplaudiram, mas o
escolhido permaneceu de cabeça
baixa, sem se mover, dando a impressão de que poderia não aceitar a missão para a qual era indicado. "Todo mundo aplaudia e
ele mantinha a cabeça baixa. Estava rezando", disse o cardeal britânico Murphy O'Connor.
Os cardeais latino-americanos,
apontados como papáveis, não
foram um obstáculo para a eleição de mais um europeu. "Muitos
nomes de latino-americanos foram mencionados pela imprensa
como papáveis. Mas na votação
eles desapareceram", disse o cardeal chileno Francisco Errazuriz
Ossa. Alguns eleitores disseram
que as qualidades do cardeal alemão eram tão impressionantes,
que não havia contestação. Seu
desempenho após a morte de
João Paulo 2º também despertou
admiração entre os colegas.
Depois da eleição houve um
brinde com champanhe, mas o
novo papa bebeu apenas "um golinho, já que é abstêmio", afirmou
o cardeal mexicano Javier Lozano Barragán.
Confusões
Em tom de brincadeira, fontes
do Vaticano contaram que no
momento em que os cardeais elegeram o papa e quiseram enviar
ao mundo o famoso sinal, houve
um problema com a chaminé a
capela ficou cheia de fumaça.
"Foram necessárias duas tentativas para obter a fumaça branca,
a chaminé não funcionava e a capela ficou cheia de fumaça", disse
o cardeal holandês Adrianus Simonis, segundo o diário italiano
"Corriere della Sera". "Por sorte
não havia na capela nenhum especialista em história da arte",
brincou o cardeal austríaco Christoph Schönborn, referindo-se aos
afrescos restaurados de Michelangelo.
Quando a fumaça branca finalmente apareceu para os milhares
de fiéis que esperavam na praça
São Pedro, os sinos da basílica,
que seriam tocados para evitar
confusões em torno da cor do sinal, demoraram a balançar. Com
a emoção, os cardeais esqueceram de avisar o responsável pelo
novo aviso.
Com agências internacionais
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