São Paulo, sábado, 22 de abril de 2006

Próximo Texto | Índice

IRAQUE SOB TUTELA

Lideranças árabes sunitas e curdas dizem não se opor à indicação de Maliki; Parlamento se reúne hoje

Superado o impasse, xiitas indicam premiê

DA REDAÇÃO

A aliança parlamentar xiita indicou ontem para o cargo de primeiro-ministro do Iraque Jawad al Maliki, um dia após o atual premiê, Ibrahim al Jaafari, ter colocado à disposição sua indicação.
O nome foi inicialmente aceito por lideranças árabes sunitas e curdas, que antes se opunham à indicação de Jaafari, colocando fim a quatro meses de impasse na formação do governo iraquiano.
Espera-se que a indicação seja confirmada hoje em votação no Parlamento. Apesar de constituir o maior bloco parlamentar, a Aliança Unificada Iraquiana, coalizão xiita, não têm votos suficientes para aprovar seu candidato sem o apoio dos demais partidos.
Com o acordo, os partidos sunitas, xiitas e curdos começaram ontem a discutir o preenchimento de outros altos postos do governo.
Segundo o parlamentar xiita Ridha Jawad Taqi, há consenso para os principais cargos: o curdo Jalal Talabani continuaria como presidente por um segundo mandato, com Tariq al Hashemi (árabe sunita) e Adil Abdul Mahdi (árabe xiita) como vice-presidentes. Já o sunita Mahmoud al Mashhadani seria o porta-voz do Parlamento.
Uma vez aprovado pelo Parlamento, o presidente designará Maliki para formar um governo dentro de 30 dias. Os parlamentares precisam então aprovar cada membro do governo por voto majoritário.
O nome de Maliki surgiu de um acordo entre seis dos sete partidos da Aliança na noite de anteontem.
Forte aliado de Jaafari, Maliki é o número dois do partido Dawa, o mesmo do atual premiê. Ele fugiu do Iraque em 1980, quando o regime de Saddam Hussein lançou uma ofensiva contra seu partido, de oposição xiita, e retornou após a queda do ex-ditador, em 2003.
Havia temores de que sua indicação fosse vetada, uma vez que, para alguns setores, ele é considerado um político sectário. Mas isso não ocorreu.
"Quando soubemos que Maliki tinha sido indicado, tivemos discussões e decidimos acolhê-lo, o que informamos à Aliança", disse Iyad al Samarraie, um dos líderes da principal coalizão sunita. "Sabemos que ele fez declarações duras no passada, mas nos sentamos com ele por longos períodos e sentimos que ele tem uma forte intenção de tratar os problemas que o Iraque enfrenta."
O líder curdo Mahmoud Othman disse que os partidos curdos não faziam oposição a Maliki.
Jaafari abriu mão do cargo sob forte pressão dos EUA. Ontem, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, qualificou a indicação de "uma boa notícia".
Ontem, homens armados mataram cinco soldados iraquianos quando eles saíam de restaurante na cidade de Baiji (norte). Em Tal Afar (norte), um carro-bomba explodiu perto de uma patrulha da polícia iraquiana, matando seis pessoas e ferindo outras 11.
Na Província de Anbar, um marine foi morto devido à "ação do inimigo", afirmou o Exército dos EUA, sem dar mais detalhes.

Condenação
Uma corte iraquiana condenou à morte um homem, supostamente ligado à rede Al Qaeda, que confessou ter participado do atentado contra o escritório da ONU em Bagdá, em 2003, afirmou ontem um alto membro do organismo. O ataque matou 22 pessoas, incluindo o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que chefiava o escritório. O homem, cujo nome não foi divulgado, está apelando da decisão.


Com agências internacionais

Próximo Texto: "Eixo do mal": Rússia dá a mão ao Irã e ao Hamas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.