São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUCESSÃO NOS EUA / DISPUTA DEMOCRATA

Na reta final na Pensilvânia, Hillary apela para Bin Laden

Campanha da senadora põe anúncio anti-Obama com imagem do terrorista saudita

Se levar por boa vantagem a votação no Estado hoje, ex-primeira-dama deverá ganhar sobrevida na disputa democrata à Casa Branca

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO A FILADÉLFIA (PENSILVÂNIA)

Começa com uma imagem da Casa Branca. O locutor diz: "É o emprego mais duro do mundo. Você precisa estar preparado para qualquer coisa". Então, uma sucessão de cenas mostra de Fidel Castro e filas em postos a vítimas do furacão Katrina e a crise imobiliária. E, por pouco tempo, o terrorista saudita Osama bin Laden. Então, a frase do presidente democrata Harry Truman (1945-1953): "Se você não agüenta o calor, saia da cozinha".
Por fim, o locutor pergunta: "Quem você acha que é o mais capacitado?", seguido pela frase: "Eu sou Hillary Clinton e aprovo essa mensagem".
O anúncio da campanha da ex-primeira-dama entrou no ar ontem na Pensilvânia, horas antes de os eleitores democratas do Estado irem às urnas escolher quem querem que seja o candidato de seu partido à sucessão de George W. Bush -Hillary ou Barack Obama.
É o anúncio mais negativo de uma campanha que viu ambos os lados elevarem bastante o tom nos últimos dias.
Deixa no ar uma associação, dos nomes Obama e Osama, que está na cabeça de muitos eleitores e já levou jornalistas e políticos a se enganarem de boa ou má-fé em público. Remete às recentes queixas do senador, de que sua oponente baixou o nível dos ataques. E repisa o tema que é a base do programa de Hillary Clinton, da experiência versus o desconhecido.
O anúncio mereceu reação imediata da campanha de Obama. "É irônico que ela tenha tomado emprestada a tática do presidente [Bush] para sua própria campanha e convoque Bin Laden para ganhar pontos políticos", disse Bill Burton, porta-voz do candidato. "Nós já temos um presidente que joga com a política do medo, não precisamos de outro."
Logo após colocar o anúncio no ar, o comando de Hillary justificou o ato a jornalistas numa teleconferência. "Obama tem gastado três vezes mais do que nós nessa campanha", disse Howard Wolfson, diretor de comunicação da senadora. "Partiu para uma tática profundamente negativa. Há tantos anúncios negativos dele no ar que eu perdi a conta."

Primária decisiva
O que está em jogo é mais do que os 158 delegados eleitorais que sairão da Pensilvânia para votar na convenção do Partido Democrata em agosto. No 42º encontro nas urnas entre Obama e Hillary, num processo eleitoral que se arrasta por quase quatro meses, o resultado de hoje pode definir a disputa.
Se Hillary levar por uma boa margem, ganhará uma sobrevida até o dia 6 de maio, quando Indiana e Carolina do Norte fazem suas prévias. Calará temporariamente o cada vez maior número de membros de seu partido que pedem que ela desista em nome da união da legenda. E retomará o argumento de que é ela quem vence nos grandes Estados -como fez em 7 dos 10 maiores até agora- e por isso é a mais indicada para bater o republicano John McCain nas eleições gerais.
Se a vitória for apertada, ela poderá ver os superdelegados ainda indecisos migrarem de vez para o lado de Obama. Segundo a agência Associated Press, Obama lidera as contas gerais, com 1.418 delegados, ante 1.250 de Hillary. Entre os superdelegados, membros do partido que votam de acordo com sua vontade, no entanto, a senadora lidera, com 255 ante 231 de Obama e 249 indecisos.
Pela manhã, Obama deu uma entrevista a uma rádio local. "Não prevejo vitória", disse o senador. "Prevejo que vai ser apertado, mas que vamos nos sair melhor do que se espera."


Texto Anterior: Europa: Geórgia acusa Kremlin de derrubar avião
Próximo Texto: Voto jovem é cobiçado na disputa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.