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SUCESSÃO NOS EUA / DISPUTA DEMOCRATA
Na reta final na Pensilvânia, Hillary apela para Bin Laden
Campanha da senadora põe anúncio anti-Obama com imagem do terrorista saudita
Se levar por boa vantagem a votação no Estado hoje, ex-primeira-dama deverá ganhar sobrevida na disputa democrata à Casa Branca
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO A FILADÉLFIA (PENSILVÂNIA)
Começa com uma imagem da
Casa Branca. O locutor diz: "É o
emprego mais duro do mundo.
Você precisa estar preparado
para qualquer coisa". Então,
uma sucessão de cenas mostra
de Fidel Castro e filas em postos a vítimas do furacão Katrina e a crise imobiliária. E, por
pouco tempo, o terrorista saudita Osama bin Laden. Então, a
frase do presidente democrata
Harry Truman (1945-1953):
"Se você não agüenta o calor,
saia da cozinha".
Por fim, o locutor pergunta:
"Quem você acha que é o mais
capacitado?", seguido pela frase: "Eu sou Hillary Clinton e
aprovo essa mensagem".
O anúncio da campanha da
ex-primeira-dama entrou no ar
ontem na Pensilvânia, horas
antes de os eleitores democratas do Estado irem às urnas escolher quem querem que seja o
candidato de seu partido à sucessão de George W. Bush -Hillary ou Barack Obama.
É o anúncio mais negativo de
uma campanha que viu ambos
os lados elevarem bastante o
tom nos últimos dias.
Deixa no ar uma associação,
dos nomes Obama e Osama,
que está na cabeça de muitos
eleitores e já levou jornalistas e
políticos a se enganarem de boa
ou má-fé em público. Remete
às recentes queixas do senador,
de que sua oponente baixou o
nível dos ataques. E repisa o tema que é a base do programa de
Hillary Clinton, da experiência
versus o desconhecido.
O anúncio mereceu reação
imediata da campanha de Obama. "É irônico que ela tenha tomado emprestada a tática do
presidente [Bush] para sua própria campanha e convoque Bin
Laden para ganhar pontos políticos", disse Bill Burton, porta-voz do candidato. "Nós já temos
um presidente que joga com a
política do medo, não precisamos de outro."
Logo após colocar o anúncio
no ar, o comando de Hillary
justificou o ato a jornalistas numa teleconferência. "Obama
tem gastado três vezes mais do
que nós nessa campanha", disse Howard Wolfson, diretor de
comunicação da senadora.
"Partiu para uma tática profundamente negativa. Há tantos
anúncios negativos dele no ar
que eu perdi a conta."
Primária decisiva
O que está em jogo é mais do
que os 158 delegados eleitorais
que sairão da Pensilvânia para
votar na convenção do Partido
Democrata em agosto. No 42º
encontro nas urnas entre Obama e Hillary, num processo
eleitoral que se arrasta por quase quatro meses, o resultado de
hoje pode definir a disputa.
Se Hillary levar por uma boa
margem, ganhará uma sobrevida até o dia 6 de maio, quando
Indiana e Carolina do Norte fazem suas prévias. Calará temporariamente o cada vez maior
número de membros de seu
partido que pedem que ela desista em nome da união da legenda. E retomará o argumento de que é ela quem vence nos
grandes Estados -como fez em
7 dos 10 maiores até agora- e
por isso é a mais indicada para
bater o republicano John
McCain nas eleições gerais.
Se a vitória for apertada, ela
poderá ver os superdelegados
ainda indecisos migrarem de
vez para o lado de Obama. Segundo a agência Associated
Press, Obama lidera as contas
gerais, com 1.418 delegados, ante 1.250 de Hillary. Entre os superdelegados, membros do
partido que votam de acordo
com sua vontade, no entanto, a
senadora lidera, com 255 ante
231 de Obama e 249 indecisos.
Pela manhã, Obama deu uma
entrevista a uma rádio local.
"Não prevejo vitória", disse o
senador. "Prevejo que vai ser
apertado, mas que vamos nos
sair melhor do que se espera."
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