São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 2009

Próximo Texto | Índice

Opositor de Chávez pede asilo ao Peru

Caracas anuncia que pedirá captura internacional; incógnito desde que teve prisão ordenada, Rosales se diz perseguido

Acusado de corrupção, prefeito da segunda cidade venezuelana entrou no país como turista; Lima tem 60 dias para avaliar solicitação


Juan Barreto-17.out.06/France Presse
Rosales; acusações contra opositores na Justiça têm crescido

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Ameaçado de prisão na Venezuela, o líder opositor Manuel Rosales solicitou asilo político ontem em Lima, sob a alegação de estar sendo perseguido pelo governo Hugo Chávez. Em resposta, o Ministério do Interior anunciou que pedirá a sua "captura internacional".
A solicitação, formalizada na Chancelaria peruana, ocorreu um dia depois de Rosales ter faltado a uma audiência que julgaria um pedido de prisão do Ministério Público. Agora, o Peru deve responder o pedido em até dois meses, segundo o advogado do venezuelano em Lima, Javier Valle Riestra.
Rosales entrou no Peru como turista, já que ainda não é considerado foragido da Justiça- a audiência de anteontem acabou cancelada e foi remarcada para 11 de maio.
Se o Peru, do presidente direitista Alan García, aceitar o pedido de Rosales, ele não será o primeiro opositor venezuelano a se asilar ali. O ex-governador Eduardo Lapi obteve esse status em 2006 após fugir de um presídio onde estava preventivamente por corrupção.
García é um dos presidentes mais distantes de Chávez na região, já que o venezuelano apoiou publicamente o nacionalista Ollanta Humala na eleição de 2006. Após a posse, os dois mantêm relações cordiais.
"Rosales não se entregaria à Justiça, mas a Hugo Chávez", disse à Folha Omar Barboza, presidente do UNT (Um Novo Tempo, centro), o partido do prefeito licenciado. "Ele só voltará quando se restabelecer o Estado de direito no país."

26 processos
O prefeito licenciado de Maracaibo é acusado de enriquecimento ilícito durante o período em que foi governador de Zulia (2000-08). Ele enfrenta 26 processos do Ministério Público, que o acusa de não justificar sua renda entre 2002 e 2004.
O líder oposicionista nega as irregularidades e acusa Chávez de manipular as instituições para persegui-lo.
O ministro do Interior, Tareck el Aissami, previu que em que breve haverá uma ordem de captura contra Rosales. "Se não se submeter aos tribunais competentes, será um foragido da Justiça e, em consequência, serão ativados os mecanismos legais para a sua captura internacional", afirmou, durante entrevista coletiva ontem.
O ministro negou que o processo contra Rosales seja de "natureza política": "São delitos comuns, de corrupção".
Os processos judiciais contra Rosales ganharam velocidade logo após Chávez anunciar uma "operação" para prendê-lo em outubro, durante a campanha para as eleições regionais. O presidente acusou o rival de corrupto e de tentar matá-lo.
Principal candidato da oposição nas eleições presidenciais de 2006, Rosales, 56, saiu fortalecido do pleito regional de novembro ao eleger seu sucessor em Zulia, Estado mais rico do país por concentrar a indústria petroleira, e vencer na segunda maior cidade venezuelana.
Com a saída de Rosales do país, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) deve convocar novas eleições para Maracaibo ainda neste semestre. Dentro da oposição, o nome mais cotado é o da atual primeira-dama, Evelyn Trejo de Rosales.
Outros opositores também têm enfrentado problemas na Justiça. Recentemente, o ex-ministro da Defesa Raúl Baduel foi preso, acusado de corrupção. No ano passado, Leopoldo López não pôde concorrer ao governo distrital de Caracas, para o qual era favorito, após ser declarado inelegível também sob alegação de corrupção.


Próximo Texto: Receio de prisão preventiva levou a fuga
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.