São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 2011

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Haitiano quer Exército no lugar da ONU

Presidente eleito Michel Martelly diz que força substituirá militares de missão de paz comandada pelo Brasil

Novo chefe de Estado não estabelece prazo; tema é polêmico no país, pois Exército tem histórico de golpes

Jim Watson/France Presse
Michel Martelly em sua primeira entrevista como presidente eleito do Haiti, no Clube de Imprensa Nacional, em Washington, nos Estados Unidos

LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO

Poucas horas após ser oficializado presidente eleito do Haiti, o cantor popular Michel Martelly, ou "Sweet Micky", anunciou ontem uma medida polêmica: a recriação do Exército do país, com o objetivo de substituir a Minustah, missão de paz da ONU comandada pelo Brasil.
"A presença da Minustah em solo haitiano significa que é necessária uma força para se manter a paz, a menos que alguém sugira que a Minustah fique aqui para sempre", disse. Ele não estabeleceu prazo.
Martelly foi eleito após um pleito marcado por denúncias de fraude. Ele deve assumir o cargo em maio.
A recriação do Exército -dissolvido pelo ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, recém-retornado ao país- ainda é tema delicado na política haitiana.
Desde a independência da França em 1804, a instituição promoveu inúmeros golpes de Estado. Um dos mais recentes foi em 1991, quando o general Raul Cedras derrubou Aristide, então em seu primeiro mandato.
Após ser reconduzido ao poder em 1995, Aristide dissolveu a força, que tinha 7.000 homens. Os ex-militares então ajudaram a derrubar Aristide novamente em 2004 -motivando a criação da Minustah.
Martelly prometeu que as novas Forças Armadas do país não terão Marinha nem aviões de combate. Disse que ajudarão a reconstruir o país após o terremoto de 2010.
Segundo ele, "tem que ser um Exército moderno, ter corpo de engenheiros e estar pronto para intervir" em crises e catástrofes.
"Acho [a criação da força] positiva, desde que seja para o bem do Haiti. Não ficaremos eternamente", disse o general brasileiro Luiz Eduardo Ramos Pereira, chefe militar da Minustah.

GUARDA NACIONAL
A Folha apurou que a ideia tem apoio na ONU e no governo brasileiro.
Porém, o fato de ter falado em "Exército" causou estranhamento. A força vinha sendo tratada nos bastidores como uma espécie de guarda nacional, que atuaria em conjunto com a polícia.
Entre as missões dessa força estariam o combate ao tráfico de drogas e defesa civil.
O general Ramos afirmou que o Brasil continuará apoiando o Haiti e que não há previsão de início de retirada das tropas internacionais. Em outubro, a ONU discutirá o aumento de engenheiros e a redução de fuzileiros na missão.

Com agências de notícias


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