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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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Em dificuldades, Nova York gasta US$ 700 mil ao dia com alerta laranja

Chip East/Reuters
Policiais observam movimento na Grand Central Station, em NY


ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O novo alerta terrorista custa US$ 700 mil por dia à cidade de Nova York e atinge o cofre da cidade num momento crítico.
A administração municipal tem que aumentar a proteção nas ruas bem na semana em que o prefeito Michael Bloomberg tenta tapar um rombo de US$ 3,8 bilhões fechando, por exemplo, seis unidades do corpo de bombeiros -vistos como heróis pelos nova-iorquinos por causa da atuação nos atentados de 11 de setembro.
As consequências do alerta laranja determinado pelo governo americano são claramente visíveis na cidade. Militares com metralhadoras e policiais tomaram estações de metrô e trem, pontes, túneis e pontos de grande concentração pública.
Oficialmente, Nova York está sob alerta laranja desde os atentados de 2001. Na prática, a segurança flutua de acordo com acontecimentos em outros lugares, como as atentados na Arábia Saudita e em Marrocos, e com relatórios do serviço de inteligência.
"Um ataque em qualquer lugar pacífico do mundo é um ataque sobre nós e deve aumentar nossa preocupação de que, se o mundo pode estar mais seguro sem Saddam Hussein, infelizmente ainda não é um lugar perfeitamente seguro", afirmou Bloomberg.
No início da guerra com o Iraque, a cidade colocara em ação a Operação Atlas, ao custo de US$ 5 milhões semanais. Agora, com sinais de que a organização Al Qaeda se reorganizou e estaria pronta para atacar, a cidade toma novas precauções. "Quando vemos os eventos que estão acontecendo, pensamos que é prudente, após consultar o serviço de inteligência, colocar algumas proteções adicionais", disse o chefe da polícia nova-iorquina, Ray Kelly. "Estamos preocupados com informações que nos têm chegado"
Além de reforçar a segurança, autoridades da cidade têm incentivado os nova-iorquinos a apontar qualquer comportamento suspeito que observarem.
Cidade que mais sofreu com os atentados de 2001, Nova York gasta com o terrorismo um dinheiro que poderia ajudá-la a resolver uma das maiores crises fiscais de sua história -resultado, entre outras coisas, do mau desempenho econômico, especialmente de Manhattan, após o ataque ao World Trade Center. Na sexta-feira, a prefeitura demitiu 3.000 pessoas, o maior corte no funcionalismo desde os anos 70. Nesta semana, subiu impostos.
Consequência direta, a popularidade de Bloomberg despenca, contrastando com a avaliação que os nova-iorquinos tinham de seu antecessor, Rudolph Giuliani.
Bloomberg busca verbas do Estado de Nova York, mas até aqui pouco conseguiu, já que os cofres estaduais também estão vazios.
A crise é tamanha que mudou sua opinião, por exemplo, sobre os caça-níqueis, aos quais se opunha. Na situação atual, diz Bloomberg, a lei deve ser alterada para permitir que as máquinas sejam instaladas de forma a aumentar a arrecadação.
O prefeito tem feito pressão sobre o governo federal para conseguir parte da verba antiterrorista e reclama por não receber atenção especial do Departamento de Segurança Interna.


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