São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2006

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Iraque inaugura gabinete sob voto de conter o terror

Em dia em que ataques matam 19, primeiro-ministro pede reconciliação nacional

O premiê Nouri al Maliki prometeu também ontem designar em poucos dias os ministros da Defesa e do Interior, por ora interinos


DA REDAÇÃO

Na primeira reunião de seu gabinete, o premiê do Iraque, Nouri al Maliki, disse ontem que usará "força máxima contra o terrorismo" e pediu reconciliação nacional, em um dia em que ataques no país mataram ao menos 19 pessoas.
"Usaremos força máxima contra o terrorismo, mas também precisamos de uma iniciativa nacional", disse Maliki.
"Milícias, esquadrões da morte, terrorismo e assassinatos são fenômenos anormais. Devemos pôr fim às milícias, porque não podemos imaginar estabilidade e segurança nesse país com a presença de milícias que matam e seqüestram."
Na reunião, Maliki disse ainda que não levará "mais do que dois ou três dias" até que os ministros permanentes das pastas da Defesa e do Interior sejam indicados, atendendo a critérios de independência e de não-vinculação a nenhum dos grupos armados do país.
Desde a posse do novo governo, ontem, os dois ministérios, considerados cruciais para a estabilização e a segurança do Iraque, estão sendo ocupados interinamente devido a disputas políticas.
A Defesa, que controla o Exército, é disputada por árabes sunitas, e árabes xiitas querem o Interior, responsável pela polícia.
"Estamos conscientes do desafio da segurança e de seus efeitos. Acreditamos que não podemos enfrentar esse desafio apenas por meio do uso da força, apesar do fato de que nós vamos usar a máxima força ao enfrentar os terroristas e os assassinos que estão derramando sangue", disse Maliki.
O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que o Iraque inaugura "um novo dia". "A formação de um governo de unidade nacional no Iraque é um novo dia para os milhões de iraquianos que querem viver em liberdade e (...) dá início a um novo capítulo em nosso relacionamento com o Iraque", disse Bush.
"Creio firmemente que o Iraque, em sua condição de país livre, tornar-se-á um importante aliado na guerra contra o terrorismo", acrescentou.
Falando à rede de TV Fox, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, disse que o Iraque fez um "extraordinário progresso político", mas que ainda é prematuro estabelecer compromissos sobre a retirada das tropas americanas.
"Eles irão traçar um plano que inclui o que ainda precisa ser feito, que papel as forças iraquianas podem ter e que papel as forças da coalizão ainda precisam ter", disse Rice.

Lua-de-mel
Para Zalmay Khalilzad, embaixador dos EUA no Iraque, Maliki não terá uma lua-de-mel e será imediatamente desafiado pela Al Qaeda e outros terroristas. Os próximos seis meses, disse, serão "verdadeiramente cruciais".
"O governo enfrentará desafios imediatos porque os terroristas não vão embora, eles vão persistir no esforço de promover conflitos sectários", disse. "Eles querem que o Iraque fracasse, mas o Iraque em si não é importante. O Iraque é um teatro de uma guerra global que eles querem provocar, uma guerra de civilizações."
Pouco depois da primeira reunião de gabinete do governo iraquiano, um homem-bomba matou ao menos 13 pessoas e feriu outras 17 ao se explodir dentro de um restaurante no centro de Bagdá.
A explosão de duas bombas em um mercado de frutas e de um carro-bomba, também na capital iraquiana, matou quatro civis.


Com agências internacionais

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