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SUCESSÃO NOS EUA / REGRAS EM XEQUE
Democratas miram Flórida e Michigan
No dia 31, comitê do partido se reúne em Washington para discutir destino dos 313 delegados dos Estados, punidos por anteciparem prévias
Hillary defende validação dos votos, o que lhe daria fôlego político apesar de ter bem menos delegados partidários do que Obama
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Nem bem os últimos votos de
Kentucky e de Oregon foram
contados, os dois pré-candidatos democratas à sucessão do
presidente George W. Bush já
seguiam para a Flórida, onde
passaram o dia de ontem.
Pela volubilidade que mostra
em pesquisas, o Estado é um
dos que podem decidir as eleições gerais de novembro. Mas
não foi só isso que atraiu Barack Obama e Hillary Clinton.
No dia 31, em Washington, o
Comitê de Regras e Estatutos
do partido se reúne para decidir o destino dos delegados partidários escolhidos por voto popular ali e em Michigan. Estão
em jogo respectivamente 185 e
128 delegados simples -o que
pode fazer diferença numa corrida tão acirrada e representa
mais de três vezes o total de delegados ainda em disputa.
Como desrespeitaram a direção nacional do partido e anteciparam suas prévias, os Estados tiveram seus pleitos anulados. À época, em janeiro, os
candidatos aceitaram não fazer
campanha ali; em Michigan, o
nome de Obama nem sequer
constava da cédula. Mesmo assim, 2,3 milhões votaram.
Hillary venceu ambos. Agora,
defende que a punição seja suspensa, e os delegados, alocados
de acordo com o voto popular.
Isso a colocaria de novo na disputa, na qual Obama lidera em
número de delegados, superdelegados -membros do partido
que votam sem vínculo com as
urnas- e votos populares.
"Ouvi algumas pessoas dizerem que levar em conta Flórida
e Michigan seria mudar as regras", disse ela ontem em comício em Boca Raton. "Não levá-los em conta é que é mudar
uma regra central deste país, de
que sempre que pudermos entender a intenção dos eleitores,
seus votos devem valer."
Persistência
É a última cartada da ex-primeira-dama, que vê sua candidatura ruir. Se não der certo,
Hillary fará o que membros de
sua equipe dizem que ela tem
evitado: traçar o plano B diante
da virtual vitória de Obama.
Sua insistência em permanecer
na corrida até o dia 3 de junho,
quando Dakota do Sul e Montana encerram esta fase do processo, é para acumular capital
político e negociar com o oponente quando a hora chegar.
Algumas hipóteses, ventiladas pela campanha e por caciques do partido de oposição,
começam a surgir. A de mais
apelo popular -mas com menos chances concretas, segundo pessoas ligadas às duas campanhas- seria a chamada "chapa dos sonhos". Se a ex-primeira-dama aceitasse tentar retornar à Casa Branca, agora como
vice, enterraria a possibilidade
de concorrer em 2012.
Caso Obama vença em novembro, pelo protocolo, teria
de esperar que ele tentasse
cumprir dois mandatos consecutivos. Quando sua vez chegasse, ela teria 68 anos.
Outra possibilidade que começa a ser aventada é a de Obama a indicar como juíza da Suprema Corte -cargo praticamente vitalício. A hipótese foi
levantada pelo professor de
ciência política e colunista do
"Baltimore Sun" Thomas F.
Schaller em recente palestra na
Folha e por James Andrew Miller, ex-assessor do republicano Howard Baker, em artigo
ontem no "Washington Post":
"Se Obama prometesse a Hillary a indicação à primeira vaga no Supremo, os eleitores dela teriam um incentivo maior
para apoiá-lo do que se ela fosse candidata a vice".
Por ora, as campanhas miram o dia 31. Dos 30 membros
do comitê, 13 já declararam em
algum momento apoio a Hillary, e 8, a Obama.
Os interesses da senadora
são defendidos por Harold Ickes, um dos principais assessores de sua campanha e membro
do comitê, conhecido por seu
poder de persuasão. Os de Obama, pela ex-assessora de Bill
Clinton Donna Brazile, que
acha que a disputa atual já foi
longe demais e começa a prejudicar as chances do partido.
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