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Shannon será embaixador dos EUA no Brasil
Para governo brasileiro, atual chefe da diplomacia americana para região é "excelente" escolha para cargo
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL
O governo brasileiro recebeu
a confirmação de que o novo
embaixador dos Estados Unidos em Brasília será Thomas
Shannon. A nomeação do atual
secretário de Estado assistente
para o Hemisfério Ocidental,
que deve ser anunciada nos
próximos dias, agradou o Planalto e o Itamaraty.
O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência,
Marco Aurélio Garcia, ratificou
a informação e elogiou a escolha, que considerou "excelente". Após ser anunciado, o nome de Shannon terá de ser
aprovado pelo Senado americano para que ele possa assumir o
posto no Brasil.
Para Garcia, ao nomear um
diplomata de carreira, parte da
cúpula do Departamento de
Estado, e não um político, o governo Obama indica o peso que
pretende dar às relações bilaterais. "Shannon será uma voz
ouvida em Washington", disse
Garcia em Istambul, onde
acompanha o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em visita.
O assessor da Presidência
lembrou que Shannon fala português e espanhol e deixou ótima impressão no governo em
suas passagens pelo país.
Será a segunda vez que Shannon serve no Brasil. Ele foi assistente da embaixada em Brasília entre 1989 e 1992, parte
dos seus 25 anos de carreira na
América Latina e na África.
Os quase quatro anos de
Shannon na chefia da diplomacia americana para a América
Latina -cargo que ele passará a
Arturo Valenzuela, ex-integrante do governo Bill Clinton
(1993-2001)- foram marcados
pelo esforço de distensão ainda
sob o malquisto governo de
George W. Bush.
Até políticos com problemas
com o bushismo dizem que o
futuro embaixador foi um divisor de águas no governo anterior, com o fim das gestões dos
falcões Roger Noriega e Otto
Reich, que ocuparam o cargo
anteriormente.
Shannon chegará ao Brasil
com o discurso que o governo
Lula quer ouvir. Em visita ao
país no fim de março, ele opinou que o Brasil emergiu como
poder não só regional, mas global. Disse que, fruto das transformações na região, os EUA
perderam o status de única parceria possível para a região. "A
natureza da influência dos EUA
na região mudou."
Na mesma visita, Shannon
disse não esperar que a principal ambição do Brasil na relação com os EUA hoje -a queda
das tarifas ao álcool brasileiro
nos EUA- seja resolvida rapidamente. A aposta do governo
Obama é que o aprofundamento da relação bilateral em matéria de energia faça "o Congresso dos EUA entender a importância de repensar o tema".
O diplomata pregou que o foco não fique "nessas justas pequenas diferenças". Sugeriu
que o Brasil aumente a exportação de álcool por meio dos
países da América Central que
têm acordo de livre comércio
com os EUA. "Há aí uma rota
que é livre de tarifa e está longe
de ser usada totalmente."
O futuro embaixador, que
ocupou cargo também no Conselho de Segurança Nacional,
mostra-se crítico da guerra às
drogas financiada pelos EUA
na região. Elogiou o relatório da
Drogas e Democracia -ONG liderada por vários ex-presidentes, incluindo Fernando Henrique Cardoso- que classificou a
política de "fracassada".
Shannon substituirá Clifford
M. Sobel no posto em Brasília.
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