São Paulo, sexta-feira, 22 de maio de 2009

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Shannon será embaixador dos EUA no Brasil

Para governo brasileiro, atual chefe da diplomacia americana para região é "excelente" escolha para cargo

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

O governo brasileiro recebeu a confirmação de que o novo embaixador dos Estados Unidos em Brasília será Thomas Shannon. A nomeação do atual secretário de Estado assistente para o Hemisfério Ocidental, que deve ser anunciada nos próximos dias, agradou o Planalto e o Itamaraty.
O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, ratificou a informação e elogiou a escolha, que considerou "excelente". Após ser anunciado, o nome de Shannon terá de ser aprovado pelo Senado americano para que ele possa assumir o posto no Brasil.
Para Garcia, ao nomear um diplomata de carreira, parte da cúpula do Departamento de Estado, e não um político, o governo Obama indica o peso que pretende dar às relações bilaterais. "Shannon será uma voz ouvida em Washington", disse Garcia em Istambul, onde acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita.
O assessor da Presidência lembrou que Shannon fala português e espanhol e deixou ótima impressão no governo em suas passagens pelo país.
Será a segunda vez que Shannon serve no Brasil. Ele foi assistente da embaixada em Brasília entre 1989 e 1992, parte dos seus 25 anos de carreira na América Latina e na África.
Os quase quatro anos de Shannon na chefia da diplomacia americana para a América Latina -cargo que ele passará a Arturo Valenzuela, ex-integrante do governo Bill Clinton (1993-2001)- foram marcados pelo esforço de distensão ainda sob o malquisto governo de George W. Bush.
Até políticos com problemas com o bushismo dizem que o futuro embaixador foi um divisor de águas no governo anterior, com o fim das gestões dos falcões Roger Noriega e Otto Reich, que ocuparam o cargo anteriormente.
Shannon chegará ao Brasil com o discurso que o governo Lula quer ouvir. Em visita ao país no fim de março, ele opinou que o Brasil emergiu como poder não só regional, mas global. Disse que, fruto das transformações na região, os EUA perderam o status de única parceria possível para a região. "A natureza da influência dos EUA na região mudou."
Na mesma visita, Shannon disse não esperar que a principal ambição do Brasil na relação com os EUA hoje -a queda das tarifas ao álcool brasileiro nos EUA- seja resolvida rapidamente. A aposta do governo Obama é que o aprofundamento da relação bilateral em matéria de energia faça "o Congresso dos EUA entender a importância de repensar o tema".
O diplomata pregou que o foco não fique "nessas justas pequenas diferenças". Sugeriu que o Brasil aumente a exportação de álcool por meio dos países da América Central que têm acordo de livre comércio com os EUA. "Há aí uma rota que é livre de tarifa e está longe de ser usada totalmente."
O futuro embaixador, que ocupou cargo também no Conselho de Segurança Nacional, mostra-se crítico da guerra às drogas financiada pelos EUA na região. Elogiou o relatório da Drogas e Democracia -ONG liderada por vários ex-presidentes, incluindo Fernando Henrique Cardoso- que classificou a política de "fracassada".
Shannon substituirá Clifford M. Sobel no posto em Brasília.


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